"Concordo plenamente no fato de que melhorar a resposta imune possa minimizar os efeitos causados por qualquer infecção ou doença que seja, até mesmo a Covid-19...
Mas temos que estar atentos em meio a tantas mentiras e desinformações ou informações imprecisas e/ou distorcidas que invadem, a todo momento, as mídias ou redes sociais...
Não podemos fazer papel de lixo no mar e deixarmos as ondas nos jogarem para o lado que quiserem...
Não podemos ser submissos ou viver na inconsciência subjugada.
A vitamina D é, obviamente, muito importante; mas precisamos suplementá-la? E até que ponto isso é realmente benéfico?
Posso responder que, baseado na vida moderna, muitos precisam - sim - suplementá-la, mas para isto, um acompanhamento técnico é necessário e muito importante. Agora, ser benéfico ou não, podemos usar da máxima: "a diferença entre remédio e veneno... é só a dose".
Recebi e vi muitas postagens incentivando - assim como ocorreu com outras substâncias - o uso de vit D como sendo um “poderoso antídoto”, uma arma contra a Covid-19... Por este motivo, dediquei algumas horas (várias, na verdade) para pesquisar de onde vinham estas ideias e qual o nível de verdade e o fundamento disso tudo...
É lamentável, pois vi vídeos de médicos - alguns, até bem reconhecidos - falando sobre o assunto, sobre uma determinada pesquisa, e incentivando o uso indiscriminado.
E, novamente... e infelizmente... mais uma enxurrada de Fake News..."
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(Texto posteriormente publicado no Jornal Folha do Sudoeste
- Coluna Pet, na edição de 06 de fevereiro de 2021)
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VITAMINA D:
Qual
a verdade de seu benefício no controle de infecções?
Vivemos
a era das Fake News... esta terminologia “nova” não tem nada de
novo; no entanto, a tecnologia de informação, a rapidez das
veiculações, faz destas uma grande arma de controle e subjugação
do povo.
O aforismo de que o jornalismo tradicional – e até mesmo
a ciência – estaria “contra o povo” é mecanismo de subjugação
popular já há muito conhecido. Que as grandes redes atendem aos
seus e aos interesses de seus patrocinadores ou parceiros, não é
novidade alguma; mas daí a dizer que “mentem descaradamente” ou
“atacam x ou y” ou que “não deixam o presidente governar”,
já é uma grande falácia, típica de sistemas ditatoriais...
Estaríamos, nós, presenciando – inconscientes e submissos – um
novo Sistema de Absolutismo, uma nova forma de ditadura? Só o tempo
dirá...
Circulam,
na internet, dezenas de textos, áudios e vídeos – inclusive,
partindo de médicos e outros profissionais ligados à saúde, assim como houve com outras substâncias –
afirmando que a Vitamina D (Vit D) seria um “poderoso antídoto”,
uma arma contra a Covid-19 e outras viroses, alegando que “a chance
de morrer pelo novo Coronavírus, para quem tem altos níveis da
vitamina D, é praticamente zero”. Isto é um desserviço, uma
perfídia à saúde pública. Muitos equívocos e falhas de
interpretação, falta de pesquisas mais aprofundadas ou de maior
amplitude de dados, levam a erros factuais, muito comuns na ciência.
Parece uma incongruência, no entanto, há muito disso no meio
científico, onde uma descoberta ou teoria passa a ser preceito de
base para outros trabalhos, fato pelo qual muitas descobertas
científicas surgem do acaso ou decorrentes de resultados imprevistos
ou inesperados de outras pesquisas.
Vitamina
D (25OHD) é um pró-hormônio que atua como importante regulador do
metabolismo ósseo. É produzida pelos rins e controla a concentração
de cálcio no sangue. Pesquisas sugerem sua relação metabólica com
diversas reações orgânicas, muitas delas relacionadas ao sistema
imunológico. No entanto, até o momento não é possível comprovar
a relação causa e efeito. Resultados satisfatórios, obtidos em
centros de pesquisas, são parâmetros “in vitro” ou “suposições”,
conjecturas resultantes de metanálises, muitas destas, frágeis em
embasamento ou variabilidade de dados.
Durante
a pandemia, muitas pesquisas se voltaram para o questionamento da
viabilidade e funcionalidade do uso de altas doses de Vit D para o
controle das infecções ou inflamações causadas pelo Coronavírus
(Sars-Cov-2) e se haveria alguma relação entre a gravidade da
Covid-19 e os níveis séricos desta vitamina em “pacientes
hospitalizados”.
Um
estudo publicado no The Journal of Clinical Endocrinology &
Metabolism (JCEM – Oxford University) foi amplamente divulgado na
internet; no entanto, trata-se de um estudo retrospectivo de
caso-controle, ou seja, são dados coletados de pacientes já
hospitalizados e não se sabe exatamente o que se tinha antes: quais
os níveis séricos desta vitamina e quais as reais relações que
levaram ou não ao quadro destes pacientes.
Os
dados apresentados neste trabalho devem ser avaliados com cautela, já
que a relação da Vit D em quadros inflamatórios podem resultar de
duas hipóteses; uma de que a inflamação reduz a concentração de
Vit D, e outra de que, ao contrário, o aumento do nível de Vit D
reduz o processo inflamatório. E nada, até então, foi comprovado.
O
próprio trabalho em questão deixa bem claro (algo propositadamente
ignorado pelos médicos que difundiram a ideia do uso desta vitamina)
que não encontraram “nenhuma relação entre as concentrações de
Vitamina D ou deficiência de vitamina e a gravidade da doença”.
Várias
limitações fragilizam os resultados deste trabalho. Não que seja
uma pesquisa pouco importante, pois abre portas para novos trabalhos,
mas a começar pelo fato de ser um estudo observacional, que não
permite estabelecer se a Vit D é um biomarcador de exposição ou de
efeito sobre a doença. Além disso, a pesquisa foi realizada em um
único centro de saúde espanhol e os dados não podem ser
generalizados.
Este
estudo não esclarece a relação real da deficiência da Vit D com
a questão inflamatória, até porque a coleta dos níveis séricos
desta vitamina foi feita quando o paciente já estava em pleno estado
inflamatório, não tendo sido disponibilizada a vitamina D basal,
anterior ao quadro; e mostra também que as concentrações em
pacientes com Covid-19 que estavam suplementando Vit D foi menor do
que o esperado, apoiando seu comportamento como um reagente de fase
aguda negativo (aquele em que a inflamação reduz sua concentração). Outro detalhe importante que fragiliza as informações
deste trabalho é o fato de que o número de pacientes que tomavam
suplementos de Vit D é muito pequeno para tirar conclusões sólidas
para a evolução dos casos clínicos; foram apenas 19 pacientes.
O
consumo indiscriminado de Vit D que leve ao excesso a nível sérico (vale lembrar que, em suplementos farmacêuticos, trata-se de uma substância
sintética), pode causar sérios
problemas de saúde, dentre eles: aumento de reabsorção óssea,
altos níveis de cálcio no sangue (hipercalcemia), insuficiência
renal, crises convulsivas e – por mais improvável que possa
parecer – levar à morte.
Nunca
podemos confundir ações de substâncias naturais, no metabolismo,
com a ação de substâncias sintéticas. Não é a a mesma coisa!
A
produção natural de Vit D pelo organismo se dá pela ativação a
partir da exposição ao Sol (raios ultravioletas do Tipo B – UVB).
Um dos riscos da suplementação artificial é que a Vit D não é
eliminada pelo corpo, quando em excesso. É uma substância
lipossolúvel e, por este motivo, acumula-se no organismo, podendo
chegar a níveis críticos e altamente perigosos. Portanto, muito
cuidado com as mensagens que recebe em seu smartphone... E nunca repasse
informações, sem antes checá-las.
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