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segunda-feira, 20 de julho de 2020

A LONGEVIDADE, A QUALIDADE DE VIDA E A FUTILIDADE


A LONGEVIDADE, A QUALIDADE DE VIDA E A FUTILIDADE


(Texto publicado no Jornal Folha do Sudoeste, Coluna Pet, na edição de 18 de julho de 2020)


Importantes companhias para muitos, principalmente nestes últimos meses, onde a pandemia jogou-nos em reclusão em nossos próprios lares, os animais de estimação têm contribuído muito para a manutenção do bem-estar e estado emocional – principalmente – das crianças e idosos.

Os benefícios da relação com animais vão além dos benefícios psíquicos. Há mais de duas décadas, pesquisas revelam melhoras na frequência cardíaca e níveis de pressão arterial de pessoas que convivem com animais de estimação.

Os cuidados com os animais vêm aumentando rapidamente, mas na verdade, deixa muito a desejar em relação à saúde e qualidade de vida, relacionadas à longevidade.

Essa onda de “amor pelos animais” – obviamente, como tudo neste mundo, maquinado por algum grupo com interesses escusos – mudou a atitude de muitas pessoas, antes aversas, para com a vida e o modo como estes animais participam dentro da estrutura familiar. Aquela velha imagem de um animal preso por correntes, no fundo do terreno, fora substituída – ao extremo – por animais dominando o interior dos lares.

Sinto muito... mas ambas as imagens (as correntes e o abandono e o exagero de liberdade) são visões e atitudes extremistas... e isto – como em tudo que é levado ao extremo – não é nada bom... e pra ninguém... além, é claro, para aqueles que antes financiaram esta “causa”, obviamente, visando lucros. Não estou dizendo que o fato de você ter animais dentro de casa é ruim ou errado... somente não precisa deixar-se levar, inconscientemente, pela mercadização ou por imposições escusamente inseridas no contexto de vida moderna, a benefício meramente econômico de um grupo.

Inserir a rotina de vida dos seres humanos e, assim, incorporar maus hábitos ao cotidiano, privando o instinto e hábitos naturais saudáveis dos animais, é um erro que reflete diretamente na expectativa de vida destes seres, além de causar alterações de comportamento, muitas vezes desastrosas.

O artigo “The Compression of Morbidity” (A Compressão da Morbidade), do Dr James F Fries, médico, professor na “Stanford University”, publicado no periódico “The Milbank Quarterly”, Nova York, EUA, em 1983, traz um tratado sobre as questões que envolvem a idade e a define como um complexo e progressivo processo fisiológico, que acarreta em uma limitação gradual na capacidade de um indivíduo em manter a homeostasia ou equilíbrio metabólico, acarretando em uma maior vulnerabilidade a doenças, a outras intempéries da vida ou de reações resultantes de sua própria imunidade ou metabolismo, colocando-o cada vez mais próximo da morte.

O tempo médio de vida de um ser está relacionado a fatores genotípicos (geneticamente herdados) e fenotípicos (influenciados pelo ambiente). Esta relação entre expressão genética e influência fenotípica, que determina, de certa forma, a longevidade de um indivíduo, pode ser estudada com a finalidade de melhorar as condições biológicas de sobrevivência, levando-o a uma maior qualidade de vida e, desta forma, a uma maior longevidade.

Infelizmente, todo ser vivo passa por fases de desenvolvimento, alcançando uma fase de estabilização ou maturidade, o que chamamos, para os animais, de fase adulta, para depois declinar, em um processo progressivo de envelhecimento, até sua morte. Não há como mudar isto, mas há como usar de medidas preventivas para melhorar a qualidade de vida.

Em cães, sabemos que a longevidade é determinada por fatores como porte e raça, mas há uma complexidade determinada por vários outros fatores, incluindo a busca desenfreada para atender à demanda de futilidades mediadas por modismo, levando a animais cada vez mais distantes de suas características naturais, como animais cada vez menores ou mais “submissos” à vontade humana. A perda de seus instintos ou a “seleção inversa” de características corporais influenciam diretamente na saúde, na qualidade de vida e na longevidade destes animais.

Normalmente, cães de pequeno porte têm uma longevidade maior que os de grande porte.

Um trabalho de pesquisa realizado na Grande São Paulo (região que reúne 39 municípios), mostrou que a expectativa média de vida dos cães (consideradas as morbidades), naquela área, chega a ser de três a quatro vezes menor que a média, quando comparado com países de “Primeiro Mundo”, como Estados Unidos, Inglaterra, Dinamarca e Japão (“Expectativa de Vida e Causas de Morte em Cães na Área Metropolitana de São Paulo” - Henri D. L. Bentubo et al, Ciência Rural, Universidade Federal de Santa Maria, 2007). Não há muitos trabalhos que tratam deste assunto, no Brasil, mas esta média, com certeza, reflete a realidade do país. Esta pesquisa mostra uma média de vida de 36 meses, contrapondo a 120 meses na Dinamarca; 117, nos Estados unidos; 132, na Inglaterra e 99 meses, no Japão. Isto reflete “a necessidade de se investigar outras regiões e se pensar em medidas gerais para o aumento da sobrevida dos animais de estimação em nosso país”.

Assim como nos humanos, diversas são as causas de mortalidade em cães e outros animais de estimação. Mas se levarmos em conta os dados apresentados nesta pesquisa em relação ao uso da nutracêutica em países desenvolvidos, comparado a nosso país, pode levar-nos ao entendimento – ao menos parcial – do porquê desta grande diferença. Nestes países, o uso de produtos nutracêuticos (suplementos alimentares, com compostos bioativos, capazes de melhorar a qualidade de vida de um indivíduo), em humanos e animais, é muito maior que no Brasil. No Japão, por exemplo, a importância é tão notável, que levou o MHLW – Ministry of Health, Labour and Welfare (o Ministério da Saúde japonês) a criar uma categoria específica para os nutracêuticos, chamada de FOSHU, que, em inglês, quer dizer: “Food For Specified Health Use” ou, em português: Alimentos Para Uso Medicinal Específico. O consumo de produtos nutracêuticos nestes países chega a ser 80 vezes maior que em nosso país. A importância destas substâncias como preventivo de doenças ou de reações ou lesões decorrentes da idade é altamente relevante. Já no Brasil, infelizmente, mesmo em se tratando de produtos para animais, a importância dessas substâncias limita-se ao mercado cosmético, o que coloca o país como 3º maior mercado do mundo, nesta categoria.

Afinal... o que esperar de um país onde a futilidade sobressai à saúde?


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sexta-feira, 10 de julho de 2020

A LONGEVIDADE RELACIONADA AO TEMPERAMENTO


Cães: A LONGEVIDADE RELACIONADA AO TEMPERAMENTO

(Texto publicado no Jornal Folha do Sudoeste, Coluna Pet, na edição de 11 de maio de 2019)
 

Dentre as diversas raças de cães, tem-se como regra que as de pequeno porte vivem mais do que os de grande; no entanto, existem diversos fatores que podem alterar este padrão.

O porte do animal – tamanho do corpo – não é o único fator que determina por quanto tempo irá sobreviver. Pesquisas recentes demonstram que a personalidade também influencia no tempo de vida. Estes estudos, realizados com diversas espécies animais – de formigas a macacos – descobriram que cada indivíduo tem uma personalidade diferente, independente de sua organização e forma de vida, o que leva a crer que os temperamentos evoluíram junto com a história da existência e evolução biológica.

“Animais corajosos, hiperativos e agressivos consomem rapidamente muita energia, em vidas relativamente curtas; enquanto animais mais calmos duram mais, poupando-se para a reprodução mais tardia na vida”, relata o pesquisador, biólogo evolucionista Vincent Careau, da Universidade de Sherbrooke, no Canadá.

"Todas essas diferenças raciais refletem um experimento sobre seleção artificial", diz Careau. “A enorme diversidade de cães resultou não da seleção natural, mas de gerações de seres humanos cruzando e selecionando animais com características que eles queriam – a capacidade de perseguir raposas em buracos, ou rebanho de ovelhas, ou sentar-se calmamente em um sofá”. E isto muda tudo!

Careau coletou dados de estudos anteriores sobre o gasto energético e a longevidade de várias raças. Depois de calcular o tamanho do corpo, testou as correlações com atividade, obediência e agressividade. O estudo revelou que cães mais obedientes, como o Pastor Alemão, por exemplo, vivem muito tempo, para o seu tamanho; no entanto, cães difíceis de treinar, como Beagle e Lulu-da-Pomerânia (Spitz), geralmente morrem mais cedo, comparados a outras raças de tamanho similar. Há, ainda, um relacionamento semelhante para o gasto de energia: “Cães pacíficos, como o Labrador, tendem a queimar menos energia do que cães agressivos, como o Pit Bull, por exemplo”. “Presumivelmente, as pessoas que criaram essas raças estavam selecionando cães com base na personalidade, não em quanto eles comiam ou por quanto tempo viviam”, diz Careau. Então, ele pensa que a personalidade e as demandas metabólicas estão, de alguma forma, geneticamente ligadas.

"É uma descoberta intrigante", diz o biólogo Franjo Weissing, da Universidade de Groningen, na Holanda, relacionando esses fatos às diversas formas de vida. "É um pouco relacionado a essa ideia: viva rápido, morra jovem". Weissing foi co-autor de um artigo influente, em 2007, sobre como as compensações na história, entre a "velocidade de vida" e a longevidade, podem levar à evolução das personalidades animais. "O bom é que o que vemos aqui se aproxima muito do que os modelos de seleção natural preveem".

Se opondo a esta ideia, o fisiologista evolucionista Joseph Williams, da Universidade do Estado de Ohio, em Columbus, EUA, não está convencido de que o que aconteceu no estudo com os cães tenha algo a ver com a evolução natural. "Cães são contrários ao que você esperaria em uma evolução natural, em termos de longevidade. Elefantes vivem por décadas, enquanto um rato pode passar por apenas três temporadas. Por outro lado, um Chihuahua geralmente durará mais tempo que um São Bernardo”.

Levando todas essas teorias em consideração, temos uma possível relação única nas espécies selecionadas pelo homem. Estas relações de gasto energético, temperamento e tempo de vida, obviamente são verdadeiras, tendo em vista diversos outros experimentos neste sentido, até mesmo em humanos. No entanto, outros fatores naturais são relevantes e influenciam em diversos fatores metabólicos no organismo, o que determina maior ou menor longevidade às espécies.

A personalidade constitui-se de dois grupos de fatores: a Herança Biológica (herdado geneticamente) e a Aquisição Ambiental (influências do meio). Já o temperamento é um dos elementos da herança biológica, que caracteriza a reação e sensibilidade de um indivíduo em relação aos fatos da vida, sendo mediado por secreções endócrinas. Estas substâncias, que alteram o comportamento do animal, podem ser controladas com o uso de suplementos naturais, o que melhora seu temperamento, tornando sua vida mais tranquila... E – agora sabemos – mais longeva.

Animais tranquilos... vivem mais.


TEMPERAMENTO CANINO