domingo, 2 de maio de 2021

BATO PALMAS PARA AUGUSTO

Uma das minhas grandes influências... Augusto dos Anjos, nascido em 20 de abril de 1884, faleceu jovem, vítima de uma pneumonia - possível complicação de um quadro asmático -, aos seus, apenas, 30 anos... dois anos após o lançamento de seu único livro, "Eu".

Morreu decepcionado com o "fracasso" de seu próprio livro... 

Hoje, "Eu" é um das obras poéticas mais reeditadas do Brasil.


"Quando pararem todos os relógios
De minha vida, e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,
Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria eternidade
A minha sombra há de ficar aqui!"
(trecho de "Debaixo do Tamarindo", Augusto dos Anjos)



BATO PALMAS PARA AUGUSTO


(Escrito em 08/04/2018)


Hoje resolvemos sair... a demora é a arte das esposas, a fim de polir a paciência dos maridos.

Enquanto aguardo a mulher... 'bora' ler uns trechos de um "vagabundo nordestino", "anônimo" ridicularizado pela elite literária brasileira, a qual incluía Olavo Bilac, que, diante a cegueira elitista, incapaz de reconhecer a genialidade poética, zombou da morte de um colega, pelo simples fato de ser parte dos "excluídos"... história que permeia a elipse cataclística do DNA da classe dominante... 

E quando falo de classe dominante, não falo de 'gente normal', como nós, falo dos bilionários que dirigem - às escusas - todas as "máquinas" do poder vigente... ou, na arte, dos idolatrados, levantados em egoicos púlpitos, altares do egoísmo doentio.

Somos alguma espécie de afídeo que sustenta o grande formigueiro, de uma sociedade onde as 'rainhas' zombam de nós e as 'operárias' sentem-se importantes em servi-las...

Augusto dos Anjos somente fora reconhecido quase uma década depois de morto...

E a disparate vomitada de Bilac foi algo como: "Tinha mais é que morrer mesmo, só assim não nos obriga a ler esses lixos" ... ou, de forma mais 'bonitinha': "Fez bem em morrer, não se perde grande coisa"... não se sabe, ao certo... e não valeria a pena saber...


"Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!" (Augusto dos Anjos, em Vandalismo)

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Eu


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