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terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

UM CÉU IMERSO EM LAVAS


UM CÉU IMERSO EM LAVAS


Ando preferindo o inferno...

Na verdade, não acredito em nada disso... 

Energia que somos, sutil ou absurdamente condensada, um dia seremos dissipados...

A matéria é cíclica, a energia é cíclica, mas a consciência, finita.

Não acredito no paraíso... mas suponhamos que haja o utópico céu e o tão temido inferno... 

Pois bem... o que se descreve como Céu, das fábulas infantis à Comédia, de Dante, é deprimente, para mim. Aquela coisa toda de gramadinho verde, campo florido, céu azul de nuvens fofinhas, e toda aquela hierarquia angelical, com seus anjos, arcanjos, serafins e querubins (nem sei qual é a ordem!); o povo todo de branco, com aquele ar de uma felicidade tão falsa, que seria capaz de lhe agradecer por um soco no flanco... isso mais parece um episódio dos Teletubbies... sinceramente, prefiro as tragédias dantescas do inferno.

O Céu não seria para mim...

Gosto do barulho, do som forte e alto... gosto de uma boa cerveja e de um bom vinho; conversas bobas e despretensiosas... gosto dos prazeres mundanos. Prefiro os rebeldes e excluídos, aos puritanos de fim de semana. Prefiro os loucos e destemidos, aos tementes inconscientes... 

Este Céu sectário e classista não seria melhor que o inferno...

E se todos esses cristãos de internet, essa gente-de-bem politiqueira, os que se colocam acima de tudo e de todos, os que se acham herdeiros únicos da doutrina de Cristo, os que menosprezam as crenças de outrem, os que pensam que seu retrógrado padrão de vida é moralmente mais justo, mais certo ou ético que aos que experimentam padrões mais modernos de vida; se toda essa gente falsa, fútil e arrogante está com seus "pacotes" pagos com estadia divina eterna... desse Céu, quero distância. E, sendo assim, se o contrário disso tudo é o inferno... "Aloha", Capiroto!

Não quero sentar ao lado dessa gente arrogante, que deseja a morte dos fracos, o fracasso dos divergentes, o mal dos infortunados e a derrota dos desgraçados.

Minha religião é a vida, minha fé paira sobre as belezas naturais do mundo... minha igreja é a paz que habita em mim... quando há chances de ter paz. Eu sou o meu templo, minha indulgência é o ódio que por vezes ocupa o lugar da paz... e não, não há contradição; o ódio é a força motriz que supera o medo e suprime o mal... e aqui não há lugar para um deus iracundo e vingativo... minha consciência é meu guia.

Certa vez, sonhei com o Céu em chamas... e Deus estava lá, com ar sarcástico, olhando para mim...

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UM CÉU IMERSO EM LAVAS




domingo, 27 de junho de 2021

CONTAMINAÇÃO ALIMENTAR




(Textos publicados no Jornal Folha do Sudoeste, entre dez/20 e fev/21)


CONTAMINAÇÃO ALIMENTAR

Parte 1: A Contaminação Biológica


Em meio à pandemia, a novidade de uma doença que ameaça a raça humana camufla a existência de riscos potenciais, que, igualmente, causam grandes danos à saúde pública do mundo todo.

Estimativas dão-nos conta que 600 milhões de pessoas adoecem e 420 mil pessoas morrem por causa de infecções alimentares, anualmente.

Os alimentos contaminados criam um ciclo de doenças (agudas e/ou crônicas) que afetam, principalmente, crianças e idosos. Crianças abaixo de 5 anos representam 40% dos quadros de doenças relacionadas a contaminação alimentar.

Além disso, este problema sobrecarrega os sistemas de saúde, prejudicam o turismo e a economia.

A contaminação de alimentos acontece quando estes entram em contato (direto ou indireto) com substâncias ou elementos que normalmente representam risco à saúde. Isso pode ocorrer no campo, no produtor, caso haja a adição de alguns tipos de agrotóxico, principalmente em excesso, nas plantações, ou algum tipo de contaminação biológica durante processos de adubação ou irrigação; nos centros de distribuição, por falhas no armazenamento; nas indústrias ou em casa, por erros de higienização e manipulação durante o preparo.

A poluição ambiental, a falta de saneamento básico, as variações climáticas e temperaturas extremas também são fatores que favorecem à contaminação.

Segundo o Ministério da Saúde, existem – no mundo – mais de 250 tipos de doenças transmitidas por alimentos contaminados, sendo a maioria de fundo biológico, causada por bactérias, fungos, protozoários, vírus, algas, parasitas e suas toxinas.

Os principais sintomas causados por uma contaminação alimentar são: náuseas, dores abdominais, diarreia, vômito, desidratação, febre, falta de apetite, que podem evoluir para complicações diversas.

A sobrecarga de problemas gerados por estas doenças dificultam o desenvolvimento econômico de um país. Estima-se que o impacto da falha de segurança alimentar, principalmente devido a erros em estocagem, distribuição e manipulação, gera uma perda, aproximada, de US$100 bilhões às economias em desenvolvimento, por ano. Mas países desenvolvidos também apresentam índices alarmantes. Para se ter um exemplo, em 2011, na Alemanha, um surto da bactéria E. coli causou prejuízos de mais de 1,3 bilhão de dólares.

Dentro dos diversos cenários em que ocorrem a contaminação de alimentos, a maioria se enquadra nas categorias: biológica, química e física.

A contaminação Biológica é aquela causada por substâncias produzidas por organismos vivos: animais (incluindo Humano), vegetais e microrganismos (vírus, bactérias, protozoários, algas e fungos).

Para se ter ideia da amplitude dos riscos, em apenas 1 g de terra podemos encontrar mais de 100 milhões de microrganismos; uma única gota de saliva pode conter mais de 2 bilhões de bactérias; e mesmo a água que consideramos potável pode conter elevado número de microrganismos presentes... obviamente, e felizmente, nem todas são patogênicas, ou seja, capazes de desencadear doenças

Uma Bactéria mede, em média, de 0,3 a 2 μm (micrometro). Como exemplo, uma bactéria de 2 μm (2x10-4 mm), ou seja, 0,002 mm, enfileiradas em uma linha de 1 mm (1 mm dividido por 0,002 mm) resultariam em 500 bactérias. Em um quadrado de área 1x1 mm (500 x 500 unidades/mm) temos 250.000 bactérias (unidades/mm2). Dessa forma, em um cubo de 1x1x1 mm, o equivalente a um grão de areia, (250.000 x 500) temos 125.000.000 bactérias (125 milhões de unidades/mm3).

Um Vírus é ainda menor, cerca de 2 a 6 vezes menor que uma bactéria, medindo de 0,05 a 0,90 μm (caberiam mais de 250 milhões de unidades virais em apenas 1 mm3; ou, para ser “otimista”, aproximadamente 700 milhões em uma única gota de saliva).

O corpo humano contém, naturalmente, mais microrganismos que as próprias células que o compõe, ou seja, de 10 a 100 trilhões de células e de 200 trilhões a 2 quadrilhões de micróbios. Essa “flora” é vital ao nosso organismo, estando diretamente relacionada a diversos processos metabólicos (a digestão, por exemplo) e de extrema importância para nossa resistência imunológica.


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Parte 2: A Contaminação Química


A contaminação Química ocorre quando os alimentos são submetidos ao contato – direto ou indireto – com substâncias e/ou reagentes químicos. Estes contaminantes podem ser de origem natural ou artificial.

A presença de compostos químicos estranhos ou de toxinas produzidas por microrganismos causam sérios danos à saúde publica mundial, com o agravante de quase sempre passar despercebida como causa primária, muitas vezes causando danos metabólicos de fundo crônico.

As contaminações químicas podem advir da própria matéria-prima, oriundas de substâncias usadas na produção agropecuária ou de contaminantes ambientais, ou de sua própria constituição; podem ocorrer de falhas no transporte ou armazenamento; por contato direto ou mesmo do próprio ar. Falhas no manuseio, durante o processo fabril, podem submeter os alimentos a diversas substâncias químicas que podem ocasionar graves contaminações.

Mas não para por aí... Mesmo após a industrialização ou distribuição de alimentos, encontramos muitas possibilidades de riscos. Isto pode ocorrer em depósitos ou prateleiras de supermercados ou na própria residência do consumidor. Muitos produtos de uso doméstico são possíveis meios de contaminação. Produtos de limpeza e higiene pessoal, aromatizadores de ambiente, inseticidas, produtos de jardinagem, medicamentos e outros, usados na própria residência, podem causar graves contaminações dos alimentos.

Outra fonte de contaminação química muito relevante são as embalagens e utensílios utilizados indevidamente no armazenamento ou preparo dos alimentos. Plásticos, isopor, metais, papel e até mesmo utensílios de madeira podem liberar moléculas ou compostos químicos perigosos, por reagirem com o calor ou frio extremo ou com outras substâncias usadas (vinagre, por exemplo) ou, ainda, com a composição do próprio alimento; ou por liberarem naturalmente moléculas tóxicas, como é o caso do alumínio, um grave contaminante causador de danos crônicos.

Substâncias geralmente presentes em alimentos industrializados, como corantes e conservantes, também são perigosos para a saúde. Não podemos aceitar que, pelo simples fato de estarem de acordo ao permitido, seja “atestado de segurança” e que não nos causem problemas. Podemos classificá-las como contaminantes sancionados, até porque muitos poderiam não estar presentes – como é o caso de corantes usados em cápsulas de suplementos alimentares – ou estar em concentrações significativamente menores. E estas substâncias, por fazerem parte do processo, dentro das indústrias, podem vir a exceder o percentual tolerado ou atingir outros produtos, que normalmente não os conteria, por falhas de manipulação ou acidentes.

As toxinas naturalmente geradas pelo próprio alimento devem ser consideradas e compreendidas. Essas substâncias naturais podem causar sérios problemas e são mais frequentes do que se imagina. Podem ser produzidas por microrganismos ou pelo próprio alimento, como os Glicoalcaloides produzidos pelas batatas, por exemplo, que poucos conhecem, mas que podem representar sérios riscos de saúde, por atingirem o sistema nervoso central. Estes glicoalcaloides estão contidos, em maior concentração, na casca e nas brotações, e geram uma coloração verde, quando em concentrações mais perigosas.

A contaminação química, ao contrário da biológica, é muito menosprezada e pode representar sérios prejuízos à saúde pública, muitas vezes de fundo crônico e desconsiderado, podendo levar a casos de reações alérgicas, a danos hepáticos, renais, hormonais e danos neurológicos severos, aumento no risco de doenças degenerativas e até o desenvolvimento de câncer, podendo levar à morte.

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Parte 3: A Contaminação Física


A contaminação Física é aquela que ocorre quando um objeto ou corpo estranho – ou partícula não pertencente aos ingredientes – acaba entrando em contato com o alimento. Isso pode apresentar um risco adicional de trazer algum tipo de contaminação biológica ou química.

Dentro do processo produtivo, diversos materiais, usados ou não na produção ou manipulação dos alimentos, podem liberar partículas e acabar agregando-se a estes.

Coisas de uso comum ou mesmo totalmente estranhas aos processos, como fragmentos ou pedaços de algum utensílio ou peça de máquinas; partículas de vidro, madeira, rochas, areia, metais, minérios, plástico e papel; cabelo, unhas e pelos; fragmentos de plantas ou insetos; ou mesmo partes extraídas de alguma matéria-prima, como cascas, galhos ou ramos, folhas, ossos, sementes... até mesmo adereços ou peças de vestuários, como alianças, brincos, botões e outras partes que possam, acidentalmente cair durante o processo de fabricação ou preparo. Tudo aquilo que não faz parte do alimento ou de seus ingredientes é um corpo estranho, uma contaminação física, que pode representar diversos graus de risco.

A contaminação física, dependendo da matéria, pode, também, gerar uma contaminação química, por produzir reações e liberar ou gerar substâncias tóxicas; por isso, a atenção e controle no processo produtivo ou de preparo dos alimentos, mesmo em nossas cozinhas (preparação doméstica), é muito importante. É comum o uso de utensílios plásticos em nossas casas. Determinados materiais não devem ser submetidos a temperaturas extremas (calor ou frio) ou mesmo levados ao micro-ondas, pois podem liberar substâncias tóxicas, como é o caso do Estireno e do Bisfenol-A, substâncias altamente alergênicas e cancerígenas e que podem causar uma série de distúrbios gastrintestinais, metabólicos, imunológicos e neurológicos. O uso destes materiais requer cuidados. Geralmente, mesmo que se conheça esses riscos, as pessoas pensam que se trata somente da exposição ao calor e acabam submetendo estes utensílios ao uso para congelamento de alimentos, o que causa o mesmo dano.

As contaminações físicas podem levar a riscos diretos, relacionados à ingestão de partículas, que podem causar desde danos dentários, até problemas mais sérios de obstruções, lesões ou perfurações do trato digestivo, podendo até mesmo atingir outros órgãos.

A presença de corpos estranhos pode simplesmente descaracterizar um produto, gerando repulsa ou rejeição pelo alimento.

O impacto causado por um eventual descuido ou falha de produção ou manipulação de alimentos pode ser grave e causar danos à saúde individual ou coletiva ou mesmo causar prejuízos à empresa.

Por muitas vezes, a contaminação física está associada à contaminação biológica, pois não faz parte do processo, podendo representar um risco ainda maior.

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CONTAMINAÇÃO ALIMENTAR

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sexta-feira, 18 de junho de 2021

A CHIBATA DO TEMPO


A CHIBATA DO TEMPO


Texto publicado no Jornal Folha do Sudoeste - Via Poiesis - em 15/06/2021 

http://jornalfolhadosudoeste.com.br/2021/06/15/a-chibata-do-tempo/


        Quando nasci, o ano da morte do filho* do lixeiro e da empregada doméstica, que, com sua genialidade, por volta de 1929, respondera, em versos, a uma questão de uma prova de Física, pude sentir todo o ódio do mundo. Soube disso, obviamente, muitos anos depois, mas sei o que senti, pois esta seria a carga que me deprimiria por toda minha vida. Fui uma criança de poucos sorrisos.

        Quando se tem cinco anos de idade, o mundo é muito estranho... e o prazer e o medo andam lado a lado. Uma mudança nunca é confortável... e quando se é criança demais para entender os porquês, e o sofrimento - e a angústia - e a grande preocupação dos pais sai, feito suor, pelos poros, o trauma por medo é carregado feito chumbo... torna-se um peso para a vida toda, que vez por outra vem à tona. Eu lembro exatamente do dia em que chegamos àquela vila... a madrugada era fria... não sei se para o corpo... ou para a alma.

        O amor havia, mas, por longos anos, fora suprimido pelo mal. Este, sem piedade e sem qualquer remorso, castigou-nos por longos e penosos anos... dias de amarguras, de tamanha carga negativa, que era possível senti-la no ar. Algo tão denso e viscoso que uma navalha poderia cortá-lo; mas a regeneração do mal era certa. Um verdadeiro choque na alma, que, aos conscientes, não seria apaziguado tão cedo.

        O amor, sim, havia... e até salvou minha vida quando a medicina dissera que eu estaria mentindo; "pura manha" foi o que ouvi, ao longe... foi quando, ainda aos sete anos, descobri o que era arrogância.

        Vivi dias maravilhosos também... muitos! Havia uma liberdade livre das atribuições ou atribulações do medo, uma animosidade suprimida pela inocência. Mas os dias sublimes eram recheados de subtâneas e injustificáveis vergastadas que não habitavam somente os pesadelos. E os pesadelos eram recorrentes... e vivos!

        O amor, quase que compulsoriamente, havia; mas não havia tempo de expressá-lo... os dias eram difíceis... muitos encargos diários que não cabiam em um só dia. Os sentimentos foram suprimidos pelas dificuldades cotidianas. Quando não se vence o sofrimento - as angústias - o coração empedra-se. É acrimonioso o coração de quem pena.

        E a vida seguia seu curso... e os pedaços de mim perderam-se pelo caminho... e pelo tempo... e nunca mais eu pude resgatá-los.

        Como os anos quebram-se, feito vidro ao cair ao chão!

        O tic-tac do relógio - coisa que não existe mais na vida das crianças de hoje - incomodava-me muito, e não adiantava em nada pará-lo... o tempo não obedecia às minhas vontades, o tempo empurrava-me com força.

        O ano era 1979... e aqui, eu desceria um degrau em minha relação social. Uma outra mudança repentina doeu muito, e muito ficaria, definitivamente, para trás.  O choque cultural, as malícias que eu não conhecia; o ludíbrio moral... a falta de tudo que não coube na mudança, e jamais caberia... o âmago; conquista de um espaço abstrato entre a dor da lapada e a liberdade da inocência. Até esse momento, eu precisava apenas ser eu. Esse era o único valor que realmente importava... tudo, e todo o resto fora da essência do ser, eram apenas futilidades, mundanas demais para serem relevadas. E agora, tudo mudou. O avesso da alma desnuda...

        Entendi que estaria sozinho... a sensação daquele momento poderia equivaler-se a estar trancado em um quarto escuro com um tigre.... e eu não tinha escolha.

        O amor, à distância, havia; mas não se podia sequer ouvi-lo. Eu não estava só, mas éramos três crianças, inconscienciosamente aos cuidados de outra. Cem quilômetros foram estabelecidos para que pudéssemos estudar... e não havia nenhuma forma de  contato. Viver sozinhos foi a única opção de "vida melhor"... um quase abandono obrigatório por circunstância única. É difícil compreender, mas fora um desarrimo por amor. Expressão única, personificação abstrata. Sim ou não, amor deve ser o que vocês acreditam ser Deus. Eu, no entanto, não compreendo amor, tampouco Deus. Eu aprendi a olhar o mundo por mais de duas perspectivas, mas a superficialidade eu via em todos os outros, para onde quer que eu olhasse.

        Só uma coisa mudou, naquele momento, para melhor... e, por algum tempo, eu sequer percebi. Foi aí que aprendi que o amor desfere chibatadas, com maestria.

        E eu odiava ouvir a Rita Lee... "nas duas faces de Eva, a bela e a fera"... esse era o sinal de que chegara a hora de ir para a escola. Naquele momento, a escola não era um lugar confortável para mim... lá eu apanhei, fui humilhado, roubado... fui excluído por ser pobre, rejeitado por ser forasteiro; ninguém sabia da minha origem, nem conhecia minha família. Para eles eu não tinha nada a oferecer e, obviamente, isso incluía nada mais que matéria.

        A escola era pública, mas havia uma divisão de classes absurda e eu estava exatamente no meio da balança... rejeitado, por um lado, por não ser tão pobre, e por outro, por ser pobre demais. A timidez, naquele momento, não me ajudava em nada... e a introversão, muito menos.

        Hoje, até agradeço... talvez, tornar-me-ia apenas mais um ser volúvel, persuadível, de extrema futilidade. Afinal, é caindo que se aprende andar... as dificuldades trazem valor à vida. Agora, entendo a efemeridade daquele tapa social e o bem que a dor trouxe para a formação de minha personalidade... mas, à época, um ano era interminável... e a dor era intensa.

        Muita coisa rolou, durante seis anos... o bem e o mal trilharam abraçados... amantes, absurdamente, inseparáveis. Descobri que o bem é - quase sempre - frágil... e o mal - sempre - a personificação do próprio Mal.

        1984 foi um ano limítrofe, e eu sequer havia lido Orwell... e uma sensação anárquica fervilhava dentro do meu eu.

        No ano anterior, muita coisa anunciava o que viria de mim... eu estava cansado. As chibatas do tempo, as feridas abertas na alma, as máculas de uma vida inteira, são as forjas que moldam a personalidade... efígie gravada na consciência.

        A virada de ano trouxe, com apenas mais uma data, um novo eu. A timidez e a introversão continuavam a existir, como existem até os dias de hoje, mas eu as esmagara debaixo de toneladas de ódio, jogadas no porão da mente. Mesmo subvertendo meu próprio ser, jamais fui falso, sempre fui verdadeiro, apenas havia suprimido angústias e medos.

        Nesse momento, descobri que eu poderia ter algo a oferecer... e percebi que a cultura e o conhecimento poderiam ser armas para conquistar o meu espaço, mesmo na mais leviana sociedade... e que isto teria um valor inestimável, mas que ninguém - jamais - poderia roubar-me.

        Ouço vozes o tempo todo... não é insanidade! São lampejos da razão... centelhas de uma vida inteira, plasmada no que realmente sou...

        A dor deu lugar ao juízo... as feridas da alma, transmutadas em pura lucidez; a prudência é a mão em meu peito... que agora, empurra-me contra o tempo.

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* Carlos Marighella nasceu em Salvador, em 1911; filho de Augusto Marighella, um imigrante italiano, e Maria Rita do Nascimento, negra e filha de escravos. Antes de tudo, e - talvez - mais importante que quaisquer de suas ações, Marighella era um grande poeta. A poesia é a força motriz da consciência ativa, base de qualquer revolução. Foi preso por uma de suas poesias. Foi torturado por pensar. Marighella foi morto a tiros, em uma emboscada, no dia 04 de novembro de 1969. Se foi um herói ou um vilão, não cabe a mim julgar... enfim, essa não é a história de Carlos Marighella... é apenas uma representação do ódio que pairava no ar. Sete dias depois, numa terça-feira, um fórceps trazia ao mundo mais um "pensador inconformado"... essa é a minha história!

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A Chibata do Tempo


terça-feira, 8 de junho de 2021

OS ANIMAIS, AS SUPERSTIÇÕES E A IGNORÂNCIA HUMANA



OS ANIMAIS, AS SUPERSTIÇÕES E A IGNORÂNCIA HUMANA


(Texto publicado no Jornal Folha do Sudoeste, em 07/06/21) ...


O termo Fake News, atualmente muito usado, supostamente surgiu na Inglaterra. em 1879. As veiculações de notícias falsas sempre ocorreram e, muitas vezes, com único objetivo de atrair leitores, tática muito usada por jornais impressos do passado. O advento da internet trouxe uma facilidade da criação de verdadeiros centros de disseminação de mentiras, com objetivos dos mais variados. Por vezes, “empresas” são contratadas para criar e propagar, sistematicamente, informações inverídicas, de tal forma tão bem construídas que acabam ganhando verdadeiros “exércitos” de adeptos que disseminam ainda mais e de forma muito rápida, gerando confusão em um grupo enorme de pessoas, trazendo sérios malefícios à sociedade.

Desde sempre, as mentiras – de forma consciente ou não – circularam dentre as diversas civilizações e eras da humanidade. A disseminação de inverdades e distorções de informações, de forma inconsciente, foram ganhando o tempo, de boca em boca e perpetuam até os nossos dias. Agora encontraram terreno fértil nas redes sociais e passaram da inocência ao verdadeiro ato criminoso.

As antigas distorções de informações ou crendices, vez por outra, ganham novas versões e dificilmente conseguem ser desmentidas, efetivamente. E muitas destas coisas nascem do desconhecimento ou por crenças ou histórias nascidas a dezenas ou centenas de anos.

Dizer que aftas são causadas por problemas no estômago, por exemplo, é só um mal entendido, que percorre dezenas de anos. Isto aconteceu porque aftas são, cientificamente chamadas de Estomatites (do grego antigo: “stoma” - boca e “itis” - inflamação). Estomatite confunde-se facilmente com estômago, no entanto, inflamações no estômago são chamadas de Gastrites (do grego “gaster” - estômago). Enfim, aftas nada têm a ver com problemas no estômago. Coisas como esta, parecem inocentes, mas (e apesar de não intencional) podem trazer sérios danos à saúde, pois muitas pessoas acabam tentando realizar tratamentos caseiros para um mal que, simplesmente, não existe.

No mundo animal, vários são os exemplos destas pequenas desinformações. São fake news que trazem medo às pessoas e colocam espécies em risco e levam a atos de maus tratos e abandonos de animais.

Mesmo com tantas informações disponíveis, a rejeição dos gatos pretos, que persiste até hoje, reside na lenda de que - assim como acontece com as corujas e diversas outras espécies - trariam azar. E, assim, gatos pretos são a maioria, dentre os animais abandonados. Este absurdo surgiu ainda na Idade Média, durante a Santa Inquisição, onde associavam aos gatos, por terem hábitos noturnos e sorrateiros e pelos sons assustadores por estes emitidos, uma relação às trevas e, desta forma, aos possíveis atos de bruxaria. Como os gatos pretos eram os mais difíceis de serem vistos na escuridão, seu aparecimento, aparentemente do nada, foi logo associado à magia e feitiçaria.

As corujas sofrem deste mesmo preconceito. A superstição de que elas trariam a morte ou que estariam associadas à feitiçaria datam de muitos séculos, vindas da África, do Oriente Médio e da Europa. O problema é tão sério que quase levou muitas espécies à extinção; e continua trazendo risco a algumas espécies, principalmente as que habitam áreas invadidas pelo homem; é o que ocorre com a espécie Athene cunicularia, ou coruja-buraqueira, que habita matas costeiras e praias, o que levou prefeituras de vários municípios litorâneos a realizarem campanhas informativas sobre os benefícios destes animais no controle de pragas, como ratos, por exemplo.

As lagartixas (Hemidactylus mabouia ou H. frenatus), muito úteis no controle de insetos e aranhas, também sofrem muitos preconceitos por conta de crendices. A crença de que transmitiriam “cobreiro”, uma doença de pele, surgiu do fato de serem de origem africana e terem chegado no Brasil através de navios negreiros. Obviamente, toda a situação que envolvia a captura e como eram mantidos e transportados os escravos era excessivamente estressante e sanitariamente complicada, causando o surgimento de doenças em vários indivíduos ou que eram rapidamente disseminadas. O Herpes Zoster, popularmente conhecido como cobreiro, possivelmente era uma delas, pois, com a imunidade comprometida, viria à tona de forma muito severa. Varíola e Sarnas eram muito comuns, o que também, devido a falta de diagnósticos, poderiam facilmente ser confundidas com o cobreiro. Como as lagartixas eram vistas sempre presentes nos navios, logo atribuíram a elas esta carga preconceituosa que persiste até os dias de hoje. 

Muitas outras lendas recaem negativamente sobre diversas espécies animais, como os morcegos, as mariposas, urubus, sapos, gambás... e estas “fake news” do reino animal estimulam perseguições e preconceitos.

Desmitificar essas crendices e superstições é muito importante; por isso a importância de conhecer um pouco mais sobre as espécies que coexistem entre nós. Não podemos, simplesmente, atribuir nossos problemas ou situações negativas, aos animais...

Está mais que na hora de assumirmos nosso desconhecimento e evoluirmos.

As demais espécies não podem – devido a ignorância humana – continuar pagando as nossas contas...

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superstições bruxaria ignorância humana


terça-feira, 1 de junho de 2021

A CARNE DE FRANGO TEM HORMÔNIOS?

 

A CARNE DE FRANGO TEM HORMÔNIOS?

(Texto publicado no Jornal Folha do Sudoeste, em 29/04/21) ...

É muito comum ouvirmos que a carne de frango contém hormônios; vindo até mesmo de alguns avicultores ou produtores rurais que “conhecem” de perto a produção de aves. Conhecem, entre aspas, justamente porque viram, veem, vivenciam e, realmente, não sabem é de nada.

Ouvir isto de uma pessoa que não conhece a produção avícola, é até compreensível... já que escuta a todo instante, obviamente, como toda mentira repetida várias vezes passa-se por verdade, é natural que acredite nisto. Agora, ouvir isto de profissional da área – seja avicultor ou outro produtor rural, razoavelmente “bem informado”, ou até mesmo de técnicos agrícolas, agrônomos ou veterinários – é lamentável.

Realmente, há muitas dúvidas relacionadas ao rápido desenvolvimento das aves, muitas delas causadas por boatos ou por falta de compreensão dos fatores genéticos e nutricionais que levam ao atual desenvolvimento corpóreo destes animais, em produções de larga escala.

Normalmente, as dúvidas recaem sobre termos como hormônio, antibiótico, transgênico, agrotóxico ou algum outro tema relacionado com a “moda do momento”, que desencadeie uma enxurrada de informações imprecisas, distorcidas ou totalmente mentirosas.

Estas questões têm-se visto inflamadas pelas atuais intrigas políticas, ocorridas no Brasil e no mundo, o que levou alguns grupos a recriarem esses falsos conceitos, com a finalidade de inibir o consumo destes alimentos.

Realmente. o setor produtivo agropecuário é uma linha tênue que pode, muito facilmente, infringir diversas questões ambientais. Os diversos processos relacionados à produção de alimentos é de uma narrativa muito complexa e, obviamente, também batem de frente com questões de domínio econômico e político.

O uso dos recursos naturais para a produção de alimentos, desde muito, tem sido uma fonte de divergências e debates, muitas vezes, infrutíferos.

O crescimento exponencial da população, durante toda a história da humanidade, tem gerado problemas em questões que envolvem o aproveitamento das terras. Até mesmo na Bíblia podemos encontrar passagens que retratam estes problemas. Em Gênesis, na história de Ló e Abraão, pode-se ler que “a terra, todavia, tornou-se insuficiente para abrigar os dois morando na mesma região, isso porque possuíam tantos bens, servos e animais que a terra não conseguia sustentar a todos” (Gênesis 13:6). Esta passagem deixa claro que, naquele momento, já era escasso os recursos naturais frente à demanda e ao exponencial crescimento populacional das comunidades, e que era urgente a necessidade de inovações que proporcionassem uma maior produtividade por área.

Frente a esta necessidade, buscou-se – através de sucessivas seleções genéticas – linhagens mais produtivas, que tivessem conformação corpórea ou características conforme as necessidades de produção, a fim de atender a demanda de mercado. O desenvolvimento nutricional e de técnicas de manejo e produção vieram a acelerar o crescimento e garantir uma maior produtividade, em um menor tempo possível.

Em relação à alimentação, ao arraçoamento, temos o ponto crucial, onde a propagação de informações equivocadas ou errôneas confunde a muitos sobre as questões relacionadas ao uso de antibióticos e hormônios.

Alguns antibióticos podem, sim, ser administrados como promotor de crescimento ou aditivo melhorador do desempenho, ou mesmo para tratamentos, quando necessário. Obviamente, o uso racional deve ser priorizado. Porém, no Brasil, o uso dos antimicrobianos Tilosina, Lincomicina e Tiamulina, como melhorador de desempenho (os últimos ainda permitidos no país), foi proibido pelo MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - atendendo as recomendações da OMS - Organização Mundial da Saúde -, em um processo que vem desde 1998, com o objetivo de reduzir o uso de antimicrobianos na produção pecuária; sendo assim, desde o ano passado (2020), não é mais permitido esta técnica no país.

Em relação aos hormônios, há de ficar bem claro que não existem anabolizantes produzidos para esta finalidade. Não há como aplicar individualmente (injetável), em uma produção de larga escala. Isto tornaria o processo totalmente inviável, economicamente. Mesmo os antibióticos ou qualquer outro medicamento ou suplemento, quando necessários, são administrados através da água ou alimentação. Os hormônios seriam destruídos no trato digestivo e não seriam absorvidos; ou seja, não surtiriam o efeito desejado. Outro detalhe é o tempo que levaria para que surtisse este efeito. Qualquer hormônio anabolizante levaria até dois meses para que fizesse qualquer efeito, que viabilizasse seu uso. E todos sabemos que os frangos são abatidos em um espaço de tempo menor que este.

Enfim, o rápido crescimento e o grande desenvolvimento de massa muscular, nas aves, ocorre devido modificações ou seleções genéticas, técnicas de manejo e nutrição de alta qualidade.

O uso de substâncias em animais, no Brasil, é regulamentado pelo MAPA, conforme os decretos vigentes no país, seguindo as determinações da OMS e da FAO (Organização para Alimentação e Agricultura) e as normas do Codex Alimentarius (código criado em 1963 pela OMS/FAO que estabelece regras relacionadas à segurança alimentar, com o objetivo de assegurar boas práticas na indústria de alimentos e proteger a saúde dos consumidores).

Sei que a pergunta persiste: "Tem hormônios e antibióticos na carne de frango?"

Não! Não tem hormônios... e, antibióticos, legalmente não há, ou ao menos, não deveria...

"Ah, mas eu não acho que a carne de frango seja saudável". Meu amigo, neste mundo que vivemos - posso te garantir - nem mesmo o ar que respiramos é tão saudável... e nem mesmo a água mineral, ou os produtos que chamam de "orgânico" e que você paga tão caro. E não estou dizendo que sou contra os "produtos orgânicos"... só não gosto da terminologia, mas já é outra história. Os orgânicos são, sim, melhores que os oriundos de produção tradicional, mas não temos ar e não temos água (ou, raramente teremos) sem que haja ao menos um contaminante. Não usar agrotóxicos (ou fitossanitários, se é o termo que prefere; que seja, não muda nada), não garante que não os tenha. Obviamente, é o caminho, porém, tarde demais, para nossa geração.

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domingo, 30 de maio de 2021

OS “ALIMENTOS ALCALINOS”, O SANGUE E A COVID-19

 

Os “Alimentos Alcalinos”, o Sangue e a Covid-19


(Texto publicado no Jornal Folha do Sudoeste, em 27/05/21) ...

Novamente, vejo necessário voltarmos a falar da Pandemia. Infelizmente, a maciça veiculação de desinformações e mentiras coloca a saúde humana – e também dos animais – em risco. Já ouvi gente atribuindo, a essas falsas teorias, possíveis benefícios, também, aos nossos animais de companhia. Tudo falso, ilusório e carente de um mínimo de lógica e bom senso.

Há muito, circulam nas redes sociais, publicações equivocadas, enganosas e até – muitas vezes – criminosas (pois coloca a saúde de muitos em risco), envolvendo curas milagrosas ou prevenções infalíveis para a Covid-19.

Desta vez, as postagens apontando determinados alimentos e suas influências no pH sanguíneo e no combate a algumas doenças, em especial Covid-19, ganharam destaque.

São mensagens absurdas, com erros grosseiros do ponto de vista básico de química, biologia... enfim, de conhecimento tão básico que sequer compreendo como muitos possam ter acreditado. Por exemplo, alegar que limão é alcalino. Alcalino? Sério? Limão é uma fruta cítrica, tão ácido – e todos sabem – que chega a retrair a gengiva.

Recebi postagens, deste tipo, de amigos formados em diversas áreas, até médicos e veterinários. E o pior, alguns fazem parte das pessoas que tentam, a todo custo, desmoralizar o sistema de ensino atual. Mas, lamentavelmente, estas pessoas estudaram nos anos 70 e 80, em pleno Regime Militar, onde, segundo os mesmos, o ensino era muito superior em qualidade. Só questiono uma coisa: “era tão superior, tão bom, e me passam uma dessas? Isso é o básico! Coisa do ensino médio! É lamentável... uma vergonha!”. Tivemos, sim, excelentes professores... assim como, hoje, também os temos. E isso deixa claro que o problema nunca fora o sistema de ensino, o problema reside, em parte, no aluno.

Em uma destas postagens absurdas, lia-se uma relação de alimentos que seriam capazes de “alcalinizar o sangue e matar o vírus da Covid-19”, inclusive sob alegação de que este – o vírus! – seria de pH ácido. Isso, obviamente, chega a ser ridículo, tamanha a carga de mentiras em uma única postagem que, logo de início, vinha com o título: “Conselhos dos hospitais para isolamento”, e seguia com diversas informações imprecisas, típico das “fake news”, até chegar ao ápice de conferir ao vírus um pH (alegado ser ácido) que variaria de 5,5 a 8,5 (pH 8,5 é ácido?); difícil imaginar como seria isto.

A sandice continua em uma total confusão e distorção em relação aos parâmetros de pH.

Certo, tudo bem... entender, realmente, o que seja pH, não é assim tão fácil... tem toda aquela história de hidrônio e hidroxila, dissociação iônica, ânions e cátions... é difícil! Mas quem passou pelo ensino médio tem a obrigação de saber... ao menos, ter uma noção do que é acido ou o que possa ser básico (alcalino). Mas... não é o que parece.

A referida postagem alega, baseado nessa falsa relação de pH do vírus, que deveríamos ingerir alimentos “alcalinos” a fim de alterar o pH corpóreo ou sanguíneo e, desta forma, impedir a replicação viral.

Eu juro... nem sei por onde começar, tamanho disparate.

Só a fim de esclarecimento, trataremos aqui, as substâncias de pH acima de 7,0 como “básicas”, que é o termo, tecnicamente, correto. O termo “alcalino”, apesar de aceito, tem gerado confusões perigosas, já que confunde o entendimento entre pH, Alcalinidade e Dureza Carbonatada (KH), que, inclusive, tem levado muitos a tomarem água com pH acima de 8,0... uma bobagem; mas já é outra história...

Bom... o texto – da referida postagem – começa citando alguns alimentos que – segundo sua ciência, possivelmente de outro planeta, tamanha a discrepância – teriam o pH “alcalino” (básico). Cita o limão, como se tivesse pH de 8,2 a 9,9; o abacate, com seus absurdos 15,6; o alho, com 13,2; a manga , 8,7; o abacaxi, como tendo pH de 12,7; a laranja, com 9,2; e o agrião, com seu, paradoxalmente, impossível pH de 22,7.

Pois bem... quem passou pelo ensino médio ou por uma faculdade (o que é mais absurdo), tem a obrigação de perceber que estas informações são grosseiramente mentirosas.

E o absurdo é tanto que basta sabermos que o Hidróxido de Sódio, que conhecemos como Soda Cáustica, tem pH de 13,5.

O pH – Potencial Hidrogeniônico – indica a acidez, neutralidade ou basicidade de um meio. Segue uma escala que varia de 0 a 14, sendo 7 a representação de uma solução neutra; abaixo deste, indica uma solução ácida e os valores acima, uma solução básica.

O limão, ao contrário do que diz a referida postagem, é de pH muito ácido (2,0 a 2,8), como também é ácido o abacate (6,2 a 6,5), o alho (5,8), a manga (3,4 a 4,8), o abacaxi (3,2 a 4,0), a laranja (3,7 a 4,4) e, também, o agrião. Outro detalhe importante, e que poucos perceberam nesta postagem mentirosa, é o fato de que a faixa de pH vai de 0 a 14. O pH pode até fugir dessa escala e passar – em situações muito específicas – o valor de 14, mas atingir um valor de 22,7 (que foi o pH atribuído ao agrião) é algo, quimicamente, impossível.

Alegar que a ingestão de determinados alimentos possa, indubitavelmente, interferir no pH sanguíneo ou corpóreo é de uma total falta de conhecimento básico da fisiologia ou da bioquímica e metabolismo orgânico.

Ao ingerir um determinado alimento, este começa, ainda na boca, com o processo de mastigação, salivação e deglutição, a sofrer transformações para que, no processo digestivo, possamos assimilar e aproveitar a maior parte de seus nutrientes. Sendo assim, ao passar pelo sistema digestório, os alimentos são metabolizados e passam por diversas transformações até seus nutrientes serem destinados a locais específicos. Não há um alimento que passe por este processo, inalterado, de forma a causar qualquer alteração a nível sanguíneo.

Nosso sangue tem um pH de 7,34 a 7,44 e sua manutenção é garantida por diversos mecanismos fisiológicos. Se fosse possível, podemos dizer que, alterar o pH sanguíneo, causaria um verdadeiro desastre metabólico com sérios prejuízos à saúde e à vida.

Existe, dentro do processo digestivo, a formação residual chamada de “cinzas”, do qual podem resultar frações denominadas alcalinógenas ou acidógenas, no entanto, mesmo em se tratando de resultantes básicos ou ácidos, por si só, não interferem diretamente no pH sanguíneo ou corpóreo.

Outra informação mentirosa, que vem surgindo de tempo em tempo, diz respeito a intolerância do Sars-CoV-2 a altas temperaturas. Algumas postagens – inclusive veiculadas por médicos – sugerem que o vírus morreria em temperaturas superiores a 26 ºC. É algo tão absurdamente tolo que bastaria perceber que a temperatura normal de nosso corpo é de 36,6 a 37,0 ºC, ou seja, dentro desta teoria absurda, jamais seríamos infectados. Enfim, estudos comprovam que o vírus Sars-CoV-2 (Covid-19) pode suportar temperatura de 50 a 60 °C.

Sei que é difícil saber em quem acreditar quando vemos médicos e outros profissionais de saúde compartilhando e disseminando mentiras, mas é fácil identificar mentiras, quando sabemos o básico. Obviamente, ninguém é obrigado a saber tudo, mas a um médico, a um veterinário ou a um biólogo ou outro profissional de saúde, faz-se necessário entender o mínimo sobre pH e é inadmissível que digam bobagens absurdas acerca da fisiologia humana ou de uma doença viral.

Ah... mas podem comer, normalmente, as frutas, verduras e demais alimentos citados... pelo menos, isso é realmente bom, só não vai alterar o pH de sangue e muito menos “matar” o vírus.

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sexta-feira, 2 de abril de 2021

A ÁGUA PARA O MUNDO

 

DIA MUNDIAL DA ÁGUA:
A Água para o Mundo


(22 de março, Dia Mundial da Água - Texto escrito para a Coluna Pet, do Jornal Folha do Sudoeste)


A água, abundante em nosso planeta, porém cada vez mais escassa para consumo humano, constantemente traz preocupações com os mesmos fantasmas: risco de racionamento, poluição, acidentes ambientais, falta de gestão e insuficiente educação ambiental.

Cerca de 40% da população mundial não conta com serviços de saneamento básico. Cerca de 200 milhões de toneladas de esgoto são despejados diretamente no meio ambiente a cada ano, contaminando solo, rios e águas subterrâneas, além do próprio ar. Este fator está diretamente ligado à saúde.

Um relatório – de 2017 – divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) confirma que mais de 2 bilhões de pessoas realmente sofrem com a falta de água potável.

Não podemos esquecer que a água que hoje utilizamos é a mesma de bilhões de anos, pois ela apenas muda seu estado (líquido, gasoso e sólido) em um ciclo eterno, de forma que sua contaminação pode comprometer a nossa própria sobrevivência.

O Brasil é bastante privilegiado em termos de reservas de água doce. Aqui estão mais de 12% de toda a água doce do planeta.

Além de algumas das maiores bacias hidrográficas do mundo, contamos com o Aquífero Guarani, a segunda maior reserva subterrânea do planeta, e o SAGA – Sistema Aquífero Grande Amazônia – apontado como o maior do mundo, capaz de abastecer todo o planeta por cerca de 250 anos. Esta abundância traz, paradoxalmente, o risco do descuido ou do descaso a nosso fabuloso patrimônio líquido. E isto pode ser influenciado diretamente pelos desmatamentos e uso desenfreado de fitossanitários (agrotóxicos) ou dos parasiticidas na pecuária. O setor agropecuário é, sim, importante, mas há muito a ser repensado.

A notícia de que mais de 30% dos rios e represas do Estado de São Paulo está impróprio para uso é preocupante e deve servir de alerta.

O uso indiscriminado do Aquífero Guarani já aparece, em regiões como o Norte do Paraná, com altos índices de contaminação e desmoronamentos causados pela drenagem indiscriminada do subsolo.

O marketing de empresas de águas minerais e poços artesianos têm levado a população à desconfiança em relação à água tratada, de abastecimento público, alavancando o mercado de “águas engarrafadas” e o crescimento pela procura por águas de poços “artesianos”.

No Brasil, estima-se que existam mais de 350.000 poços em atividade e algumas centenas de perfurações inativas e abandonadas, que podem estar contaminando as águas subterrâneas.

No estado do Paraná, 20% da população é atendida com água subterrânea; ao passo que em Santa Catarina esse índice não passa de 5%. Em São Paulo, o cenário é bem diferente: cerca de 70% da população é abastecida a partir de mananciais subterrâneos.

O consumo de água engarrafada – águas minerais – cresce cerca de 12% ao ano, no mundo, apesar de seu alto preço comparado com a água de torneira. As companhias negociam esta água como sendo uma alternativa saudável; mas, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimento e Agricultura (FAO) e a OMS, “apesar de certas águas minerais serem úteis na oferta de micronutrientes essenciais, não há uma recomendação de concentrações mínimas de minerais”. Acredita-se, inclusive, que algumas águas extraídas do subterrâneo possam conter traços de alguns minerais ou outros compostos perigosos à saúde.

Algumas substâncias podem ser de difícil controle em água engarrafada, devido ser estocada por longos períodos e a alta temperatura. Alguns microrganismos podem alcançar altos níveis dentro de garrafas ou “bombonas”, sem contar que as embalagens plásticas podem liberar toxinas (Bisfenóis e Ftalatos).

Água “mineral” não deve ser considerada uma alternativa sustentável em relação à água de torneira. Não é isenta do risco de contaminação e é menos eficiente em termos de gastos energéticos (gasta-se mais energia para produzi-la).

Observamos, na prática, que aquários mantidos com águas de subsolo geralmente apresentam algum problema, a longo prazo. Isso porque os peixes refletem o problema muito mais rapidamente que os seres humanos. Eles não só, simplesmente, bebem a água; eles vivem nela.

A água potável é um direito básico. Proteger nossos rios, nascentes e áreas úmidas ajudará a assegurar que nossa água de torneira continue como um serviço público, que entrega água de boa qualidade, para cada um, a um preço justo.

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água


quinta-feira, 18 de março de 2021

OS COVARDES CULPAM OS MORTOS

(Texto publicado no Jornal Folha do Sudoeste, em 02/04/21) ...

(Quem tem Pet, tem vida...
Vez por outra, uso desta coluna – destinada às informações sobre animais – para trazer informações relevantes sobre saúde pública, política... ou, simplesmente, demonstrar minha angústia ou insatisfação com o momento em que vivemos... e, mais uma vez, assim o faço...
Estamos sendo inundados de mentiras! Prestes a sermos assolados, por completo, por interesses de outros... subjugados por sermos, completamente, pacatos... e não podemos, simplesmente, viver assim...)

Os covardes culpam os mortos


"Que tá uma bosta, tá uma bosta... e põe bosta nisso!" Mas de quem é a culpa?

Acostumamo-nos a transferir as culpas... e erramos... quase sempre...

Na verdade, não culpo governo algum, de esfera alguma... alguém pode até incentivar, induzir ou influenciar um certo grupo de pessoas... e até enganar! Mas somos nós que decidimos! Portanto, não podemos, por mais fácil e confortável que seja, simplesmente redimirmo-nos da culpa e repassá-la a outros.

Culpados somos nós, o povo... que menospreza a doença, que não se cuida e não se importa, realmente, com o próximo. Que pensa que Cloroquina ou Ivermectina, ou qualquer outra droga da moda, vai salvar-nos de cair em um leito de hospital; que acha que é tudo frescura e que máscara é totalmente inútil. Que cisma que um está contra o outro, quando na verdade ninguém sabe que rumo tomar (decidir, nestes casos, não é nada fácil... criticar, sim... e é inútil!)...

Culpados somos nós que olhamos apenas para nosso umbigo e desdenhamos as necessidades do próximo.

Culpados somos nós que, mesmo com todos os sintomas, saímos às ruas, porque nosso teste apresentou resultado "Não Detectado", que pra nós, que não temos a mínima noção de interpretação, é o mesmo que "Negativo". E não é! “Não detectado” só significa que não encontraram; não diz que você não tem e muito menos diz que você pode sair por aí, colocando a vida de outros em risco!

Culpados somos nós que, apenas dez dias após o início de sintomas, suspeitos da doença, fomos à praia e lotamos bares e lanchonetes... que não respeitamos a distância mínima entre pessoas, em uma fila; que entramos em um supermercado, com a família toda, como se fosse um passeio de fim de semana...

Culpados somos nós que acreditamos em todas as mentiras absurdas e as veiculamos, mesmo quando já até sabíamos que eram mentiras...

Culpados somos nós... porque deixamos de pensar... deixamo-nos à mercê da vontade de terceiros...

Culpados somos nós que não lemos uma só palavra, além do enunciado de um artigo, ou que crucificamos um ou outro meio ou canal de comunicação ou mídia jornalística... uma rede de televisão ou jornal qualquer... sem pensar! Somente porque um grupo de pessoas, que sequer conhecemos ou sabemos de seus princípios e anseios, gritou em meio ao povo o velho "libertem Barrabás!" ou "crucifiquem Jesus!"...

Culpados somos nós, que estamos sempre à espera de um milagre... de uma cura fácil...

Deixamo-nos enganar e aplaudimos! E de pé! E carregamos nosso verdadeiro inimigo nas costas, iludidos pela espera ou pela chegada de um salvador, de um novo Messias...

A redenção não vem de graça! Não podemos ficar nessa inércia, frente às chamas, e esperar pela chegada de alguém que vá trazer um balde d'água milagroso! É piegas... ingênuo!

É, verdadeiramente, ridículo!

Queremos achar um culpado pra tudo!

Os culpados?

Somos nós...


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Culpado


quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

VITAMINA D

"Concordo plenamente no fato de que melhorar a resposta imune possa minimizar os efeitos causados por qualquer infecção ou doença que seja, até mesmo a Covid-19... 

Mas temos que estar atentos em meio a tantas mentiras e desinformações ou informações imprecisas e/ou distorcidas que invadem, a todo momento, as mídias ou redes sociais... 

Não podemos fazer papel de lixo no mar e deixarmos as ondas nos jogarem para o lado que quiserem... 

Não podemos ser submissos ou viver na inconsciência subjugada.

A vitamina D é, obviamente, muito importante; mas precisamos suplementá-la? E até que ponto isso é realmente benéfico? 

Posso responder que, baseado na vida moderna, muitos precisam - sim - suplementá-la, mas para isto, um acompanhamento técnico é necessário e muito importante. Agora, ser benéfico ou não, podemos usar da máxima: "a diferença entre remédio e veneno... é só a dose".

Recebi e vi muitas postagens incentivando - assim como ocorreu com outras substâncias - o uso de vit D como sendo um “poderoso antídoto”, uma arma contra a Covid-19... Por este motivo, dediquei algumas horas (várias, na verdade) para pesquisar de onde vinham estas ideias e qual o nível de verdade e o fundamento disso tudo... 

É lamentável, pois vi vídeos de médicos - alguns, até bem reconhecidos - falando sobre o assunto, sobre uma determinada pesquisa, e incentivando o uso indiscriminado. 

E, novamente... e infelizmente... mais uma enxurrada de Fake News..."
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(Texto posteriormente publicado no Jornal Folha do Sudoeste
- Coluna Pet, na edição de 06 de fevereiro de 2021)
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VITAMINA D:
Qual a verdade de seu benefício no controle de infecções?


Vivemos a era das Fake News... esta terminologia “nova” não tem nada de novo; no entanto, a tecnologia de informação, a rapidez das veiculações, faz destas uma grande arma de controle e subjugação do povo.

O aforismo de que o jornalismo tradicional – e até mesmo a ciência – estaria “contra o povo” é mecanismo de subjugação popular já há muito conhecido. Que as grandes redes atendem aos seus e aos interesses de seus patrocinadores ou parceiros, não é novidade alguma; mas daí a dizer que “mentem descaradamente” ou “atacam x ou y” ou que “não deixam o presidente governar”, já é uma grande falácia, típica de sistemas ditatoriais... Estaríamos, nós, presenciando – inconscientes e submissos – um novo Sistema de Absolutismo, uma nova forma de ditadura? Só o tempo dirá...

Circulam, na internet, dezenas de textos, áudios e vídeos – inclusive, partindo de médicos e outros profissionais ligados à saúde, assim como houve com outras substâncias – afirmando que a Vitamina D (Vit D) seria um “poderoso antídoto”, uma arma contra a Covid-19 e outras viroses, alegando que “a chance de morrer pelo novo Coronavírus, para quem tem altos níveis da vitamina D, é praticamente zero”. Isto é um desserviço, uma perfídia à saúde pública. Muitos equívocos e falhas de interpretação, falta de pesquisas mais aprofundadas ou de maior amplitude de dados, levam a erros factuais, muito comuns na ciência. Parece uma incongruência, no entanto, há muito disso no meio científico, onde uma descoberta ou teoria passa a ser preceito de base para outros trabalhos, fato pelo qual muitas descobertas científicas surgem do acaso ou decorrentes de resultados imprevistos ou inesperados de outras pesquisas.

Vitamina D (25OHD) é um pró-hormônio que atua como importante regulador do metabolismo ósseo. É produzida pelos rins e controla a concentração de cálcio no sangue. Pesquisas sugerem sua relação metabólica com diversas reações orgânicas, muitas delas relacionadas ao sistema imunológico. No entanto, até o momento não é possível comprovar a relação causa e efeito. Resultados satisfatórios, obtidos em centros de pesquisas, são parâmetros “in vitro” ou “suposições”, conjecturas resultantes de metanálises, muitas destas, frágeis em embasamento ou variabilidade de dados.

Durante a pandemia, muitas pesquisas se voltaram para o questionamento da viabilidade e funcionalidade do uso de altas doses de Vit D para o controle das infecções ou inflamações causadas pelo Coronavírus (Sars-Cov-2) e se haveria alguma relação entre a gravidade da Covid-19 e os níveis séricos desta vitamina em “pacientes hospitalizados”.

Um estudo publicado no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (JCEM – Oxford University) foi amplamente divulgado na internet; no entanto, trata-se de um estudo retrospectivo de caso-controle, ou seja, são dados coletados de pacientes já hospitalizados e não se sabe exatamente o que se tinha antes: quais os níveis séricos desta vitamina e quais as reais relações que levaram ou não ao quadro destes pacientes.

Os dados apresentados neste trabalho devem ser avaliados com cautela, já que a relação da Vit D em quadros inflamatórios podem resultar de duas hipóteses; uma de que a inflamação reduz a concentração de Vit D, e outra de que, ao contrário, o aumento do nível de Vit D reduz o processo inflamatório. E nada, até então, foi comprovado.

O próprio trabalho em questão deixa bem claro (algo propositadamente ignorado pelos médicos que difundiram a ideia do uso desta vitamina) que não encontraram “nenhuma relação entre as concentrações de Vitamina D ou deficiência de vitamina e a gravidade da doença”.

Várias limitações fragilizam os resultados deste trabalho. Não que seja uma pesquisa pouco importante, pois abre portas para novos trabalhos, mas a começar pelo fato de ser um estudo observacional, que não permite estabelecer se a Vit D é um biomarcador de exposição ou de efeito sobre a doença. Além disso, a pesquisa foi realizada em um único centro de saúde espanhol e os dados não podem ser generalizados.

Este estudo não esclarece a relação real da deficiência da Vit D com a questão inflamatória, até porque a coleta dos níveis séricos desta vitamina foi feita quando o paciente já estava em pleno estado inflamatório, não tendo sido disponibilizada a vitamina D basal, anterior ao quadro; e mostra também que as concentrações em pacientes com Covid-19 que estavam suplementando Vit D foi menor do que o esperado, apoiando seu comportamento como um reagente de fase aguda negativo (aquele em que a inflamação reduz sua concentração). Outro detalhe importante que fragiliza as informações deste trabalho é o fato de que o número de pacientes que tomavam suplementos de Vit D é muito pequeno para tirar conclusões sólidas para a evolução dos casos clínicos; foram apenas 19 pacientes.

O consumo indiscriminado de Vit D que leve ao excesso a nível sérico (vale lembrar que, em suplementos farmacêuticos, trata-se de uma substância sintética), pode causar sérios problemas de saúde, dentre eles: aumento de reabsorção óssea, altos níveis de cálcio no sangue (hipercalcemia), insuficiência renal, crises convulsivas e – por mais improvável que possa parecer – levar à morte.

Nunca podemos confundir ações de substâncias naturais, no metabolismo, com a ação de substâncias sintéticas. Não é a a mesma coisa!

A produção natural de Vit D pelo organismo se dá pela ativação a partir da exposição ao Sol (raios ultravioletas do Tipo B – UVB). Um dos riscos da suplementação artificial é que a Vit D não é eliminada pelo corpo, quando em excesso. É uma substância lipossolúvel e, por este motivo, acumula-se no organismo, podendo chegar a níveis críticos e altamente perigosos. Portanto, muito cuidado com as mensagens que recebe em seu smartphone... E nunca repasse informações, sem antes checá-las.

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