Venha, Ano Novo!
As cicatrizes deixadas por 2020 são inalteráveis máculas gravadas na história...
Tempos difíceis, é o que vivemos...
Fomos jogados em algum capítulo da Comédia de Dante; atravessamos o Aqueronte a nado e distribuímos tapas nas caras de Cérbero... e ainda chamaram-no de vira-lata...
Bastava-nos uma doença... mas a ignorância, as mentiras, a estupidez politiqueira, a verdadeira sandice de uma paixão doentia e facciosa, um fanatismo que ultrapassara as fronteiras da idolatria banal e migrara da política à farmacêutica com a mesma intensidade e insanidade, o “anetismo” sórdido, jogou-nos contra as muralhas de fogo de Dite...
O ano foi um pandemônio inimaginável e, com certeza, suas consequências farão-nos andar, por muito tempo, por sobre poças de sangue, entre prantos e o ranger de dentes dos desesperados...
Em 31 de dezembro, a data finda, mas o “ano” mal começou.
Não consigo – simplesmente – desejar, da boca pra fora, um Feliz Ano Novo... sei que é ilusão. Mas, confesso, a hesitação invade meu ser. A Felicidade pode ser ambígua, mesmo que piegas, mesmo que inocente...
A candura da felicidade, do amor verdadeiro, da esperança por dias melhores, mesmo que pensemos ser banal ou a futilidade dos sentimentos humanos... Ah, com certeza, é melhor que a desesperança, que o desengano ou o apego aos infortúnios que o invisível, aliado à – visivelmente – despreparada governança, submeteu-nos neste ano que se finda...
A Virada de Ano é somente um marco neste tempo imaginário que seguimos...
A esperança talvez não traga a cura para mal algum, mas leva-nos à Paz necessária para enfrentarmos os demônios que nos cercam...
Desejo Paz, para que a harmonia interior traga-nos discernimento para que possamos decidir e agir com acuidade frente a todo mal, mesmo os que se fazem passar por benevolentes.
Acreditem... Não precisamos de nada e de ninguém acima de nós... Precisamos que estejam ao nosso lado...
Que venha 2021...