segunda-feira, 7 de outubro de 2019

PLASMADO PELAS ADVERSIDADES


Plasmado pelas adversidades



A misantropia, certa vez, esmagou minha alma...
Eu não tinha a menor ideia de onde estava, o que, realmente, fazia e que “diabos” faria dali para frente.

Percepção, pensamento, memória e razão...
Os mecanismos cognitivos, rapidamente, me abandonavam.

A vida, pouco a pouco, deixava de fazer sentido. E eu deixara o sentido da vida, feito água, passar por entre meus dedos.
Já não me importava com o que fora o passado, o que estava sendo o presente e o que, por fim, me reservava o futuro.
Minhas frases perderam o sentido.
As conclusões sobre o que era certo ou errado, pouco importavam.
Havia deixado muito, para trás, na busca de um futuro que agora não mais interessava. Eu não tinha mais aquela certeza do que, realmente, aspirava.

Um ímpeto fugaz...
Esta era a certeza que agora fazia sentido para mim...
Joguei-me no abismo do inconsciente mais profundo.

A vida era apenas dias... e os dias, intermináveis!
Um desespero latente e dissonante.

Mas nada é por acaso... Hoje sei... 
A crisálida do desespero é o caminho para a vida plena!

Aquela fase da minha vida passou despercebida para muitos. Eu engolia minha angústia, ao acordar pela manhã. Havia um longo percurso a percorrer e ninguém o faria por mim.
Tive momentos de lucidez e aprendi a lidar com aquela melancolia, ludibriar a solidão e subjugar os pensamentos negativos.
Jamais aprendi tanto sobre mim.

E a vida sempre toma seu curso...

Minha “nulidade-religiosa” – eponímia que inventei para não ter que explicar a condição de ceticismo – não me impede de analisar e compreender a natureza humana. Também não me impede de ver a razão das coisas, quando estas, realmente, fazem sentido. Na verdade, não ter um compromisso com essa “base religiosa”, possibilita-me “ver o jogo, de fora”, analisar friamente, sem sofrer influência da afeição, da culpa, do medo ou da “ideia pré-formada”.
Minha inquietude e curiosidade em relação àquilo que não domino, aliado ao senso crítico e autodidatismo, foi o que me levou a conhecer um pouco do que nós – humanos – arrastamos pelo tempo.
Todas as experiências de vida, sofrimentos e angústias, desafios e superações, tristezas e alegrias, podem ser comprimidas e transmutadas na mais pura lição de vida.

A crisálida do desespero é o caminho para a vida plena...

Cada obstáculo superado fica evidente, a quem faz da mente um instrumento de compreensão, de equilíbrio entre real e imaginário. E nada, nenhum destes obstáculos, nenhuma humilhação ou agressão sofrida precisa, necessariamente, ser transformado em ódio ou qualquer forma de revolta ou ojeriza.
A verdadeira lição de vida nunca está no outro...
Olhar para si, analisar o seu eu, pode trazer a luz para a compreensão, a paz como estrutura de conciliação, a verdade como um “sagrado” mecanismo sutil de superação.
O real sentido da vida não está fundamentado em religiões ou crenças...
O real sentido da vida é perpetuar o que há de melhor em cada um de nós. Assim, fazem todos os seres... lutam para a perpetuação de sua espécie e, de alguma forma, sabem: a continuidade de sua espécie é interdependente de outras, do equilíbrio, da complexidade que se faz simples quando se vive com princípios éticos reais...
A misantropia não deixou somente tribulações, não foi o algoz da minha razão, a mazela do tempo ou a chaga de minh'alma... foi a motriz da essência mais pura, o âmago insolente que enalteceu a verdadeira personalidade, o antagônico presságio... o prelúdio...
Somos moldados pelas adversidades.
A razão é parcimoniosa...

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