Plasmado pelas adversidades
A
misantropia, certa vez, esmagou minha alma...
Eu não tinha a menor ideia de onde estava, o que, realmente, fazia e que
“diabos” faria dali para frente.
Percepção,
pensamento, memória e razão...
Os mecanismos cognitivos, rapidamente, me abandonavam.
A
vida, pouco a pouco, deixava de fazer sentido. E eu deixara o sentido
da vida, feito água, passar por entre meus dedos.
Já
não me importava com o que fora o passado, o que estava sendo o
presente e o que, por fim, me reservava o futuro.
Minhas
frases perderam o sentido.
As
conclusões sobre o que era certo ou errado, pouco importavam.
Havia
deixado muito, para trás, na busca de um futuro que agora não mais
interessava. Eu não tinha mais aquela certeza do que, realmente, aspirava.
Um
ímpeto fugaz...
Esta era a certeza que agora fazia sentido para
mim...
Joguei-me
no abismo do inconsciente mais profundo.
A
vida era apenas dias... e os dias, intermináveis!
Um
desespero latente e dissonante.
Mas nada é por acaso... Hoje sei...
A crisálida do desespero é o
caminho para a vida plena!
Aquela fase da minha vida passou despercebida para muitos. Eu engolia minha angústia, ao acordar pela manhã. Havia um longo percurso a percorrer e ninguém o faria por mim.
Tive
momentos de lucidez e aprendi a lidar com aquela melancolia,
ludibriar a solidão e subjugar os pensamentos negativos.
Jamais aprendi tanto sobre mim.
E a vida sempre toma seu curso...
Minha “nulidade-religiosa” – eponímia que inventei para não ter que explicar a condição de ceticismo – não me impede de analisar e compreender a natureza humana. Também não me impede de ver a razão das coisas, quando estas, realmente, fazem sentido. Na verdade, não ter um compromisso com essa “base religiosa”, possibilita-me “ver o jogo, de fora”, analisar friamente, sem sofrer influência da afeição, da culpa, do medo ou da “ideia pré-formada”.
Minha inquietude e curiosidade em relação àquilo que não domino, aliado
ao senso crítico e autodidatismo, foi o que me levou a conhecer um
pouco do que nós – humanos – arrastamos pelo tempo.
Todas
as experiências de vida, sofrimentos e angústias, desafios e
superações, tristezas e alegrias, podem ser comprimidas e
transmutadas na mais pura lição de vida.
A crisálida do desespero é o caminho para a vida plena...
Cada
obstáculo superado fica evidente, a quem faz da mente um instrumento
de compreensão, de equilíbrio entre real e imaginário. E nada,
nenhum destes obstáculos, nenhuma humilhação ou agressão sofrida
precisa, necessariamente, ser transformado em ódio ou qualquer forma
de revolta ou ojeriza.
A verdadeira lição de vida nunca está no
outro...
Olhar para si, analisar o seu eu, pode trazer a luz para a
compreensão, a paz como estrutura de conciliação, a verdade como
um “sagrado” mecanismo sutil de superação.
O
real sentido da vida não está fundamentado em religiões ou
crenças...
O
real sentido da vida é perpetuar o que há de melhor em cada um de
nós. Assim, fazem todos os seres... lutam para a perpetuação de sua
espécie e, de alguma forma, sabem: a continuidade de sua espécie é
interdependente de outras, do equilíbrio, da complexidade que se faz
simples quando se vive com princípios éticos reais...
A
misantropia não deixou somente tribulações, não foi o algoz da
minha razão, a mazela do tempo ou a chaga de minh'alma... foi a
motriz da essência mais pura, o âmago insolente que enalteceu a
verdadeira personalidade, o antagônico presságio... o prelúdio...
Somos moldados pelas adversidades.
A razão é parcimoniosa...
...
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