sexta-feira, 16 de agosto de 2019

"CARAS COMO EU"


"CARAS COMO EU"


Alguém postou um vídeo em um grupo, em um certo aplicativo... uma reportagem que outros amigos, em outros grupos, já haviam postado... e que eu lembrei que já havia assistido há quase uma década...

Este não havia dizeres, só o vídeo... Mas eu havia recebido, dias antes, o mesmo, com dizeres direcionados, com positividade, ao governo atual... aquelas coisas chulas com bordõezinhos vergonhosos, do tipo: "golaço do presidente", "mito" ou outra jactância típica de uma isquemia cerebral momentânea (assim espero)...

Neste caso, só citei: "Esta reportagem foi por volta de 2010"... só isto, simples, informativo, nada mais...  mas foi o bastante para inflamar o estopim reativo e desencadear a balbúrdia mental da irracionalidade egoica, muito comum por trás do escudo virtual a que o brasileiro, mais que qualquer outro povo, se apoderou e "tomou gosto" nos últimos anos...

"Não interessa..." veio feito pedras jogadas por um moleque mal-criado, em um cachorro de rua... 

Ri sozinho... "coitado, deve ter algum problema", pensei... Não dei muita bola, estou acostumado com gente de pouca circunspecção... mas tentei explicar, em poucas palavras, o que havia por trás daquele tema, de onde advinha e que alguns estavam veiculando o mesmo vídeo como se fosse atual; enfim... Claro que meu lado sarcástico não ficou calado, nem deveria... mas não dirigi qualquer sarcasmo diretamente a ele, senão a nosso presidente... e foi tipo "chutar o meio das pernas de um e acertar em cheio a boca de outro"... o que posso fazer? ... há! há! há!...

"Caras que nem você devia ir embora do Brasil", foi o que veio de imediato... obviamente, mandei-o à merda... imbecilidade tem limite!

Mas fico curioso... "caras que nem você"? Como assim? O que são caras como eu? Gente com discernimento entre certo e errado, que combate fake news e não aceita mentiras a benefício do que ou quem quer que seja? Gente com o mínimo de inteligência pra não ficar batendo "palminhas" ou ficar fazendo sinal de "arminha" com as mãos para toda e qualquer estupidez, a cada incivilidade, desferida feito estrume lançado pelo reto de uma vaca, galreado pelo presidente? Rapaz... começo a ficar lisonjeado... Caras como eu... Obrigado!

Essa burrice de ficar tagarelando coisas como: "torcendo contra", "protegendo o PT", "esquerdista"... Cara, pense por si! Livre-se desses chavões... isso é triste...

Caras como eu pouco se importam se o presidente é um "molusco", uma "anta" ou uma "besta"...

"Caras como eu" não estão "torcendo contra", estão exigindo atitudes e posturas condizentes a um chefe de estado, não a um moleque que passa o dia "defecando" suas irracionalidades em redes sociais, disseminando falsidades e balbuciando hipocrisias, e o pior: incitando seus sectários contra aqueles que pensam diferente ou não aceitam cegamente seus delírios.

Caras como eu não protegem partido político ou seus personagens... o fato de desmentir fake news ou postagens tendenciosas não faz de ninguém um partidário ou sequer indica lateralidade política, que aliás, caras como eu pensam ser de extrema estupidez lutar pela obstinação doentia de outros.

Caras como eu concordam com Orwell e sabem que a verdadeira mudança ou revolução só será efetiva quando nascer "de baixo", pela vontade real e pelos ideais do povo, e não imposta ou tendenciosamente dirigida de "cima", por um pequeno grupo, sectários psicóticos.

Caras como eu querem um mundo melhor...

Caras como eu esperam o mínimo de ética, sensatez e decoro daqueles que nos representam...

Caras como eu sabem que há uma diferença muito grande, distorcida por essa animosidade político-econômica, entre realidade socioeconômica e ganância mercadológica.

Caras como eu leem a Bíblia e, sem medo ou dogmas, leem LaVey... compreendemos a ambiguidade...

Caras como eu foram ler a Constituição Federal para compreender - em seu art. 194 - a "diferença" entre Seguridade e Previdência Social... e foram capazes de assumir e redimirem-se de um erro de interpretação...

Caras como eu não concordam que os fins justificam os meios... concordam, sim, com os escritos de Maquiavel no sentido de que o "vulgo" - o povo - "sempre se deixa levar pelas aparências e pelos resultados".

Caras como eu acham ridículo e inaceitável, pelo motivo que for, um representante máximo de um país ir a público e bradar extasiadamente: "Eu ganhei porra!" (assim mesmo, sem vírgula)... sei lá, na hora até pensei: "Nossa, alguém deu uma ejaculada na cara do presidente... E ele gostou!" ... deve ter sido o Frota... há! há! há! ... e não deve ter ligado no dia seguinte, nenhuma mensagem, nem um emoji com coraçãozinhos, nada!... deve ser por isso que está sendo afastado do partido... há! há! há!...

Ah, meu caro...

Caras como eu...

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terça-feira, 6 de agosto de 2019

ENTRE SANGUE E FARPAS


ENTRE SANGUE E FARPAS 


Quando escrevo, eu rasgo palavras...

Na verdade, nunca compreendi, verdadeiramente, o que escrevo...
mas eu insisto no que digo!

Soar simplório é ingenuidade...

Não me importo com as mãos sujas de sangue.

Farpas penetram em minha mente...

por vezes falha...

por vezes mente...

por vezes...

sente...

e cala.

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AS PEQUENAS ATITUDES



AS PEQUENAS ATITUDES




(Texto escrito para a "Coluna Pet" -
 Jornal Folha do Sudoeste, Fco Beltrão/PR, 
em 24/10/2008)



“Foi difícil aprender que a gente tem que respeitar a realidade; e mais difícil foi aprender que ela não tem nenhum motivo para nos respeitar” (Eduardo Galeano).


Não canso de repetir que a falta de atitude em relação a coisas tão pequenas nos fará, algum dia, pecar por coisas maiores.

Dirigidos pelos insistentes discursos jornalísticos – ora tendenciosos, ora omissos da verdade – ou por mera “preguiça do pensar”, guiados pela opinião de alguns dos milhares de “especialistas” no assunto, reclamamos a todo instante do descaso e corrupção política, mas em contrapartida, nada fazemos para as coisas serem diferentes.

Que exemplo damos a nossos filhos, omitindo ou mantendo-nos omissos às coisas cotidianas, varrendo – “quando varremos!” – pequenas sujeiras “para debaixo do tapete”?

Vamos ser sinceros: será que não participaríamos das mesmas barbáries, se estivéssemos na mesma posição que nossos “tão respeitados” políticos? Se somos capazes de subornar um guarda, furar uma fila no banco ou, simplesmente, deixar de coletar, das calçadas, as fezes de nossos cães… duvido se não seríamos apenas mais uns, no meio da alcateia política.

Na verdade, falamos demais...

Às vezes, manter-se calado é uma grande virtude.

O silêncio é o ouro dos pobres”, enfatizou Chaplin, com sua simples e modesta genialidade.

Todos adoram opinar… todo mundo opina, critica, acusa e, em pouco tempo... esquece…

As pessoas, em geral, apegam-se às notícias menos importantes à sociedade.

Não tenho muita opinião sobre essas pequenas fatalidades que vemos nos jornais... aliás, respeito a dor dos familiares, mas creio que esse martírio de informações saturadas beira à “banalidade das telenovelas jornalísticas”, e eu, com minha vida simples, nada tenho a ver com isso. Não quero saber de quem foi a culpa, quem jogou a menina da janela, se a bomba estourou antes ou depois de algum disparo de arma de fogo… É trágico? Claro que sim! Mas ninguém mais, além da justiça e daquelas poucas pessoas envolvidas, tem a ver com aquilo tudo.

Ninguém sabe o que se passa com sua própria vida, com seus familiares, em sua casa… mas o interesse pela vida alheia, a vontade utópica de estar envolvido, de alguma forma, com fatos que fogem à sua realidade, de quebrar a barreira da individualidade, da particularidade dos problemas de um terceiro, é um alarde popular.

Mas sei que isso é um fenômeno universal humano. Não é exclusividade de nós, brasileiros…

O ser humano é mesmo assim…

Agir de forma segura e prudente, antecipando-se a uma possível falha que possa causar acidente, não faz parte do cotidiano do povo brasileiro. Não temos vulcões, terremotos, maremotos, furacões ou qualquer outro fenômeno de maior gravidade, senão, seria nosso fim.

Sei que – infelizmente – somos assim: só tomamos atitude depois do pior ter acontecido. É quase um atestado de burrice, cultural do povo brasileiro. “A cultura da estupidez”.

Só passamos a usar o cinto de segurança, quando começamos a receber multas…

Prestem atenção no mal cheiro que exalam os bueiros no centro da cidade. O motivo são os dejetos lançados, de forma irregular, em tubulações de água pluvial.

Não interessa o bem-estar, a saúde, o meio ambiente ou sequer o bom senso. Somos, assim: irresponsáveis, corruptos, inescrupulosos e não estamos nem aí para os problemas que afetam toda uma sociedade. Contanto que, de alguma forma, individualmente, favoreça-nos... tudo certo!

Aquela velha mania, de esperar que os outros façam primeiro, ou de pensar: “ah, todo mundo faz”, “é só uma coisinha de nada”, “do que adianta eu me preocupar, ninguém respeita mesmo!”, é o problema de tudo que sofremos. É um problema de centenas de anos, herança de nossa colonização. Quem povoou as terras brasileiras veio atrás de riquezas, bem no estilo “custe-o-que-custar”, o mesmo estilo que vivemos até os dias de hoje. Não tinham cultura, educação ou o hábito da leitura, e não tinham outra opção de escolha.

O mesmo se faz, atualmente, com as raças dos cães: usa-se, como matrizes, os cães que atendam as necessidades de mercado: os mais dóceis, os que latem menos, os menores, os ainda menores… ou seja lá a mania que esteja na moda, “na onda” do momento, não importa a saúde e o bem-estar do animal.

Fala-se em meio ambiente, mas nada se faz, efetivamente, a favor.

Compra-se um papagaio ou uma tartaruga, sem registro... de forma ilegal, um animal oriundo do tráfico, porque custa mais barato; não importa se foi retirado de seu ambiente e transportado em fundo falso de mala ou dentro de tubos de PVC, enrolados em gaze, e com alto índice de mortalidade... pouco importa!

Assim somos nós: herança de um povo sem cultura, oportunista e sem qualquer escrúpulo.

E o que fazemos para mudar essa situação?
Absolutamente nada!

Nossos filhos estão aí, assistindo nossas atitudes, aprendendo nossos erros e manias (e não, infelizmente, “aprendendo com”).

Lamentavelmente, estamos seguindo o mesmo caminho que nossos colonizadores... e estaremos nele até que as pequenas atitudes façam a diferença.
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