sábado, 17 de novembro de 2018

A PROSTRAÇÃO MENTAL, A IMPASSIBILIDADE E O DESAMOR


A Prostração Mental, a Impassibilidade e o Desamor


(Texto publicado no Jornal Folha do Sudoeste, 10/11/2018)


Passou-se o dia 29 de outubro, Dia Nacional do Livro...

Em meio ao tumultuado cenário político, a data passou despercebida. 

Um amigo, em resposta a uma postagem que fiz sobre este dia, em uma rede social, chegou a citar: não vi um professor fazer qualquer menção ao dia do livro! Verdade; poucos se lembraram... assim como poucos, durante todo este percurso envolvendo as eleições, lembraram-se da ética, do respeito, do bom senso, da moral... até o bom humor deixaram de lado! Poucos conseguiram perceber a cegueira psíquica que assolou em terrenos virtuais e físicos. Vimos pessoas abraçando e defendendo uma causa que não lhes condiz.

Acreditava-se em tudo, qualquer bobagem virava argumento pertinente. Uma mentira escancarada era aceita prontamente e espalhada aos ventos, tão maciçamente e de forma tão repetida, que passava a ser a verdade absoluta. Os então chamados Fake News, com vídeos de alta qualidade de produção e edição, obviamente de alto custo e financiadas por alguém, circulavam feito um ataque de hacker à mente das pessoas. Outros, tão mal editados e visivelmente manipulados, vergonhosamente, também ganhavam a credibilidade de muitos... e era triste ver pessoas, algumas de tão boa formação, acreditar em algo tão infame, tolo e estulto.

Nota-se claramente a falta de um bom livro... de alguns, na verdade!

Mesmo tendo a internet em mãos, de onde, em apenas alguns poucos minutos de pesquisa, era possível desmascarar centenas dessas falsas verdades, muitos não o fizeram... era mais fácil acreditar na enxurrada de mentiras que vinham de encontro ao agrado de seu próprio ego. É aí que entram os bons livros...

A literatura, o hábito da leitura e, principalmente, a diversificação dessas obras cria uma rede própria de discernimento, uma aptidão pessoal para avaliar cada momento, cada informação, com mais clareza e sensatez e, dessa forma, poder hesitar, discordar e perceber com mais perspicuidade; duvidar, questionar e, por fim, buscar conhecimento para poder certificar se a informação que lhe chega é verídica, real e se merece ser relevada e retransmitida, de acordo a sua percepção ética e moral.

Acreditar cegamente, seja no que for, é subjugar-se à submissão.

A subserviência é a mazela do povo.

Temos que manter a lucidez acima de paixões e ódios...

Temos que perceber o quão distorcido tudo, as histórias e informações, sempre chegou a nós. A história se repete a cada instante, com poucas particularidades, adaptadas cada uma a seu tempo, a sua época e às pessoas envolvidas. É possível perceber um modus operandi de determinados grupos, detectar imperfeições táticas no desenrolar dos fatos e olhar o jogo de fora, atento às ambiguidades recorrentes em noticias muito impactantes ou polêmicas.

Na política, tudo é contencioso.

A internet está estupeficando o povo. É esta a nova máquina doutrinadora.

Tornou-se tão fácil e barato manipular maciçamente as pessoas, que o exemplo está aí...

Pudemos ver milhares, muitos dos nossos amigos, parentes e pessoas próximas, tão passivamente, em uma espécie de inércia mental, entregar-se ao proselitismo, abraçarem uma causa e agir com tamanha intransigência, uma intolerância e aversão únicas da estupidez.

Um verdadeiro blecaute mental, uma apatia da razão. A abnegação do seu verdadeiro estado patriótico. Um ufanismo avesso às verdadeiras necessidades públicas.

Vimos a imprudência, a insensatez social, estampada em cinismo.

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