"Concordo plenamente no fato de que melhorar a resposta imune possa minimizar os efeitos causados por qualquer infecção ou doença que seja, até mesmo a Covid-19...
VITAMINA D:
Qual
a verdade de seu benefício no controle de infecções?
Vivemos a era das Fake News... esta terminologia “nova” não tem nada de novo; no entanto, a tecnologia de informação, a rapidez das veiculações, faz destas uma grande arma de controle e subjugação do povo.
O aforismo de que o jornalismo tradicional – e até mesmo a ciência – estaria “contra o povo” é mecanismo de subjugação popular já há muito conhecido. Que as grandes redes atendem aos seus e aos interesses de seus patrocinadores ou parceiros, não é novidade alguma; mas daí a dizer que “mentem descaradamente” ou “atacam x ou y” ou que “não deixam o presidente governar”, já é uma grande falácia, típica de sistemas ditatoriais... Estaríamos, nós, presenciando – inconscientes e submissos – um novo Sistema de Absolutismo, uma nova forma de ditadura? Só o tempo dirá...
Circulam, na internet, dezenas de textos, áudios e vídeos – inclusive, partindo de médicos e outros profissionais ligados à saúde, assim como houve com outras substâncias – afirmando que a Vitamina D (Vit D) seria um “poderoso antídoto”, uma arma contra a Covid-19 e outras viroses, alegando que “a chance de morrer pelo novo Coronavírus, para quem tem altos níveis da vitamina D, é praticamente zero”. Isto é um desserviço, uma perfídia à saúde pública. Muitos equívocos e falhas de interpretação, falta de pesquisas mais aprofundadas ou de maior amplitude de dados, levam a erros factuais, muito comuns na ciência. Parece uma incongruência, no entanto, há muito disso no meio científico, onde uma descoberta ou teoria passa a ser preceito de base para outros trabalhos, fato pelo qual muitas descobertas científicas surgem do acaso ou decorrentes de resultados imprevistos ou inesperados de outras pesquisas.
Vitamina D (25OHD) é um pró-hormônio que atua como importante regulador do metabolismo ósseo. É produzida pelos rins e controla a concentração de cálcio no sangue. Pesquisas sugerem sua relação metabólica com diversas reações orgânicas, muitas delas relacionadas ao sistema imunológico. No entanto, até o momento não é possível comprovar a relação causa e efeito. Resultados satisfatórios, obtidos em centros de pesquisas, são parâmetros “in vitro” ou “suposições”, conjecturas resultantes de metanálises, muitas destas, frágeis em embasamento ou variabilidade de dados.
Durante a pandemia, muitas pesquisas se voltaram para o questionamento da viabilidade e funcionalidade do uso de altas doses de Vit D para o controle das infecções ou inflamações causadas pelo Coronavírus (Sars-Cov-2) e se haveria alguma relação entre a gravidade da Covid-19 e os níveis séricos desta vitamina em “pacientes hospitalizados”.
Um estudo publicado no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (JCEM – Oxford University) foi amplamente divulgado na internet; no entanto, trata-se de um estudo retrospectivo de caso-controle, ou seja, são dados coletados de pacientes já hospitalizados e não se sabe exatamente o que se tinha antes: quais os níveis séricos desta vitamina e quais as reais relações que levaram ou não ao quadro destes pacientes.
Os dados apresentados neste trabalho devem ser avaliados com cautela, já que a relação da Vit D em quadros inflamatórios podem resultar de duas hipóteses; uma de que a inflamação reduz a concentração de Vit D, e outra de que, ao contrário, o aumento do nível de Vit D reduz o processo inflamatório. E nada, até então, foi comprovado.
O próprio trabalho em questão deixa bem claro (algo propositadamente ignorado pelos médicos que difundiram a ideia do uso desta vitamina) que não encontraram “nenhuma relação entre as concentrações de Vitamina D ou deficiência de vitamina e a gravidade da doença”.
Várias limitações fragilizam os resultados deste trabalho. Não que seja uma pesquisa pouco importante, pois abre portas para novos trabalhos, mas a começar pelo fato de ser um estudo observacional, que não permite estabelecer se a Vit D é um biomarcador de exposição ou de efeito sobre a doença. Além disso, a pesquisa foi realizada em um único centro de saúde espanhol e os dados não podem ser generalizados.
Este estudo não esclarece a relação real da deficiência da Vit D com a questão inflamatória, até porque a coleta dos níveis séricos desta vitamina foi feita quando o paciente já estava em pleno estado inflamatório, não tendo sido disponibilizada a vitamina D basal, anterior ao quadro; e mostra também que as concentrações em pacientes com Covid-19 que estavam suplementando Vit D foi menor do que o esperado, apoiando seu comportamento como um reagente de fase aguda negativo (aquele em que a inflamação reduz sua concentração). Outro detalhe importante que fragiliza as informações deste trabalho é o fato de que o número de pacientes que tomavam suplementos de Vit D é muito pequeno para tirar conclusões sólidas para a evolução dos casos clínicos; foram apenas 19 pacientes.
O consumo indiscriminado de Vit D que leve ao excesso a nível sérico (vale lembrar que, em suplementos farmacêuticos, trata-se de uma substância sintética), pode causar sérios problemas de saúde, dentre eles: aumento de reabsorção óssea, altos níveis de cálcio no sangue (hipercalcemia), insuficiência renal, crises convulsivas e – por mais improvável que possa parecer – levar à morte.
Nunca podemos confundir ações de substâncias naturais, no metabolismo, com a ação de substâncias sintéticas. Não é a a mesma coisa!
A produção natural de Vit D pelo organismo se dá pela ativação a partir da exposição ao Sol (raios ultravioletas do Tipo B – UVB). Um dos riscos da suplementação artificial é que a Vit D não é eliminada pelo corpo, quando em excesso. É uma substância lipossolúvel e, por este motivo, acumula-se no organismo, podendo chegar a níveis críticos e altamente perigosos. Portanto, muito cuidado com as mensagens que recebe em seu smartphone... E nunca repasse informações, sem antes checá-las.
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